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Polícia de São Paulo usa ciência para solucionar crimes hediondos
Orçamento da Secretaria de Segurança para o setor subiu para quase R$ 200 mi
MAELI PRADO
RAFAEL BALSEMÃO
DA REVISTA DA FOLHA
Microgotas de sangue no microscópio, órgãos humanos em
pedaços ultrafinos, pós magnéticos que revelam impressões
digitais e reagentes químicos
que mostram a presença de
fluidos corporais. O mundo da
Superintendência da Polícia
Técnico-Científica do Estado
de São Paulo passa muito longe
da emoção provocada pelo assassinato de Isabella Nardoni,
5, no último dia 29. Mas seu laboratório vem sendo a chave
para resolver o crime.
A participação da perícia foi
fundamental para montar o
quebra-cabeças das circunstâncias da morte da menina.
Um dos laudos, por exemplo,
comprovou que ela foi asfixiada
e depois jogada de cabeça para
baixo do sexto andar de um
prédio na zona norte de SP.
Corriqueiros para os fãs do
popular seriado "CSI", exibido
pelo canal pago AXN, laudos
técnicos como esses são os responsáveis pelo aumento da visibilidade e da credibilidade da
polícia científica no mundo.
"Vivemos a síndrome "CSI'",
diz Celso Perioli, coordenador
da SPTC (Superintendência da
Polícia Técnico-Científica) e
perito criminal desde 1976. "O
mundo todo passou a comprar
produtos para investigação
científica, e os preços caíram.
Há uma exigência cada vez
maior de provas técnicas. E
mais países estão fabricando
determinados equipamentos."
Um dos sintomas desse movimento de valorização da ciência na resolução de crimes é o
aumento da participação da
SPTC no orçamento da Secretaria de Segurança Pública do
Estado de São Paulo. Há dez
anos, a verba da superintendência era de R$ 1,48 milhão,
representando 0,05% do total
do orçamento. Hoje, esse valor
é de R$ 191,5 milhões, ou 2,25%
do total.
O atual efetivo do órgão também cresceu: eram 2.847 funcionários em 1999. Atualmente, 3.600. Ainda é pouco. "O número de peritos teria que ser
triplicado. A perícia acaba sendo mal feita, não por má vontade dos profissionais, mas por
acúmulo de trabalho", aponta
Maria do Rosário Mathias Seraphim, 69, presidente da Associação dos Peritos Criminais do
Estado de São Paulo.
Renato Pattoli, 50, diz que,
no passado, a prática era jogar
água oxigenada sobre o local
onde se achava que havia sangue. Se borbulhasse era sinal de
que havia matéria orgânica,
provavelmente sangue. "Mas
isso destruía a amostra."
Os métodos ultra-sofisticados do seriado "CSI" chegam a
provocar risos entre funcionários do IC (Instituto de Criminalística) de São Paulo. "Fazemos um trabalho sério e honesto, sem glamour", diz Alessandra Pereira da Silva, 34, engenheira química.
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