São Paulo, quarta-feira, 13 de abril de 2011

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Planejei por "muitos meses", diz atirador

Em vídeo feito, segundo ele, 2 dias antes de crimes, assassino diz ter ido na véspera à escola para "interagir com as pessoas"

Segundo ele, o ataque não seria motivado só por bullying: "A nossa luta é contra pessoas cruéis, covardes"


Reprodução/TV Globo
Wellington em vídeo gravado por ele dias antes de matar 12 adolescentes no Rio, e exibido no "Jornal Nacional" de ontem

DO RIO

Em vídeo exibido ontem à noite pelo "Jornal Nacional", Wellington Menezes de Oliveira, que na última quinta matou 12 alunos de uma escola em Realengo, no Rio, demonstra que vinha planejando o crime havia meses.
Nas imagens, gravadas, segundo ele, dois dias antes do massacre, Wellington diz que estivera na escola "muitos meses atrás [...] para dar uma analisada". Ele conta ainda que na véspera, três dias antes da tragédia, foi mais uma vez ao lugar para "interagir com as pessoas".
Para não chamar a atenção, conta ele, decidiu raspar a barba -na foto de seu perfil no MSN, onde era conhecido como Wellington 13, o atirador aparece barbado.
"Meus irmãos observaram que eu raspei a barba. Foi necessário porque eu já estava planejando ir ao local para estudar, ter uma forma de infiltração", diz.
Wellington conta que a decisão de não chamar a atenção foi tomada "apesar de ser sozinho, não ter uma família praticamente, não ter pessoas a dar satisfação".
No vídeo, o atirador deixa claro que estava preparado para morrer, mas não é explícito com relação ao que pretendia fazer na escola.
"A luta pela qual muitos irmãos morreram no passado, e eu morrerei, não é exclusivamente pelo que é conhecido como bullying. A nossa luta é contra pessoas cruéis, covardes, que se aproveitam da bondade, da inocência ou da fraqueza de pessoas incapazes de se defenderem."
Segundo o "Jornal Nacional", foram encontrados dois arquivos de imagem entre os pertences de Wellington. Não foi informada qual a duração total dos arquivos.
As imagens, exibidas em três partes, têm ao todo pouco mais de um minuto de duração. Parecem ter sido gravadas pelo próprio atirador. Ele está diante de um fundo neutro, similar a um muro.
Ontem à tarde, policiais estiveram na casa onde o atirador morou, em Realengo, e onde vive uma de suas irmãs, Roselane. Lá foi apreendido um computador. No dia dos crimes, a polícia encontrou na casa de Sepetiba onde ele vivia um computador com o disco rígido queimado.

LAUDO
Laudo cadavérico indica que Wellington morreu devido a um tiro dado a curta distância em sua têmpora.
No laudo, peritos do IML afirmam que as características do tiro -o local e a distância- indicam a possibilidade de suicídio, mas que ainda não é possível ter certeza. Para isso, é preciso aguardar o resultado dos exames balísticos, que determinarão de qual arma partiu o disparo que matou o atirador.
Wellington foi atingido por outro tiro, no abdômen, disparado pelo PM Márcio Alves e que perfurou o fígado e o rim direito. Essa lesão, segundo o laudo, não seria suficiente para matá-lo.
A polícia informou que os laudos cadavéricos das 12 vítimas não serão divulgados, para poupar os familiares.
O corpo do atirador continua no IML. Um sobrinho disse em depoimento que a família não quer retirá-lo por temer represálias.


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