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SAÚDE
Película protetora pode provocar contaminação de bebedouros por bactérias, segundo estudo de entidade empresarial
Plástico em garrafões de água é proibido
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DAS REGIONAIS
O Centro de Vigilância Sanitária
(CVS) de São Paulo proibiu o uso
da película de plástico que embala
os garrafões de 20 litros de água
mineral. O plástico serve para evitar que o garrafão fique sujo, mas
acaba servindo como eventual
veículo para bactérias.
Os contaminantes chegam ao
bebedouro quando o plástico é
mergulhado na água, por descuido do consumidor. Outra forma
de contaminação ocorre quando
pequenas quantidades de água ficam retidas entre o plástico e o
garrafão, onde desenvolvem-se
colônias de bactérias. A água escorre para o bebedouro, e as colônias crescem dentro dele.
A proibição, válida em todo o
Estado, tem como base um estudo
técnico dos próprios fabricantes,
que apontou pelo menos 15 casos
de contaminação de bebedouros
por bactérias e fungos, entre maio
e dezembro do ano passado, somente na cidade de São Paulo.
O estudo também considerou
inadequada a composição do
plástico, com tintas, no caso dos
coloridos, e solventes.
Há no Estado, que consome 2
bilhões de litros de água mineral
ao ano -40% do total do país-,
cerca de 40 milhões de garrafões
retornáveis em uso, segundo estimativa da Abinam (Associação
Brasileira da Indústria de Águas
Minerais). Os galões representam
90% de toda a água mineral comercializada no Brasil.
Os testes da Abinam, que ampararam o relatório técnico, detectaram nos plásticos e bebedouros
amostras da bactéria pseudomonas, cujo gênero aeruginosa está
associado a casos de infecção hospitalar -principalmente em pessoas com ferimentos ou queimaduras e sistema imunológico debilitado-, incluindo ocorrências
de mortes.
A indústria e os distribuidores
têm 30 dias, a partir de ontem, para retirar das lojas e engarrafadoras todos os garrafões com plásticos. Depois desse prazo, os órgãos
de vigilância sanitária terão de recolher os que não respeitarem a
nova norma.
"Apuramos que existe risco em
razão do manuseio inadequado
dos garrafões pelo consumidor",
disse Silvia Negrão, diretora técnica da Divisão de Produtos Relacionados à Saúde do CVS. "Não
há segurança, e o plástico é o condutor do risco."
A película também pode dificultar que o consumidor visualize as
condições da água que está comprando.
A farmacêutica Petra Sanchez,
assessora científica da Abinam,
disse que os fabricantes ligados à
associação já estão orientados a
retirar o plástico dos garrafões.
"Estamos aumentando o rigor",
declarou Sanchez, responsável
pelo estudo que descobriu a origem da contaminação.
Segundo ela, que é professora
de microbiologia ambiental da
Universidade Presbiteriana Mackenzie, embora pequenas, as concentrações de microorganismos
encontrados apontaram para o
risco de consumir a água. "Esse
plástico não é usado em nenhuma
parte do mundo. É uma invenção
brasileira, e errada", afirmou.
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