São Paulo, quinta-feira, 13 de maio de 2004

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SAÚDE

Película protetora pode provocar contaminação de bebedouros por bactérias, segundo estudo de entidade empresarial

Plástico em garrafões de água é proibido

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DAS REGIONAIS

O Centro de Vigilância Sanitária (CVS) de São Paulo proibiu o uso da película de plástico que embala os garrafões de 20 litros de água mineral. O plástico serve para evitar que o garrafão fique sujo, mas acaba servindo como eventual veículo para bactérias.
Os contaminantes chegam ao bebedouro quando o plástico é mergulhado na água, por descuido do consumidor. Outra forma de contaminação ocorre quando pequenas quantidades de água ficam retidas entre o plástico e o garrafão, onde desenvolvem-se colônias de bactérias. A água escorre para o bebedouro, e as colônias crescem dentro dele.
A proibição, válida em todo o Estado, tem como base um estudo técnico dos próprios fabricantes, que apontou pelo menos 15 casos de contaminação de bebedouros por bactérias e fungos, entre maio e dezembro do ano passado, somente na cidade de São Paulo.
O estudo também considerou inadequada a composição do plástico, com tintas, no caso dos coloridos, e solventes.
Há no Estado, que consome 2 bilhões de litros de água mineral ao ano -40% do total do país-, cerca de 40 milhões de garrafões retornáveis em uso, segundo estimativa da Abinam (Associação Brasileira da Indústria de Águas Minerais). Os galões representam 90% de toda a água mineral comercializada no Brasil.
Os testes da Abinam, que ampararam o relatório técnico, detectaram nos plásticos e bebedouros amostras da bactéria pseudomonas, cujo gênero aeruginosa está associado a casos de infecção hospitalar -principalmente em pessoas com ferimentos ou queimaduras e sistema imunológico debilitado-, incluindo ocorrências de mortes.
A indústria e os distribuidores têm 30 dias, a partir de ontem, para retirar das lojas e engarrafadoras todos os garrafões com plásticos. Depois desse prazo, os órgãos de vigilância sanitária terão de recolher os que não respeitarem a nova norma.
"Apuramos que existe risco em razão do manuseio inadequado dos garrafões pelo consumidor", disse Silvia Negrão, diretora técnica da Divisão de Produtos Relacionados à Saúde do CVS. "Não há segurança, e o plástico é o condutor do risco."
A película também pode dificultar que o consumidor visualize as condições da água que está comprando.
A farmacêutica Petra Sanchez, assessora científica da Abinam, disse que os fabricantes ligados à associação já estão orientados a retirar o plástico dos garrafões. "Estamos aumentando o rigor", declarou Sanchez, responsável pelo estudo que descobriu a origem da contaminação.
Segundo ela, que é professora de microbiologia ambiental da Universidade Presbiteriana Mackenzie, embora pequenas, as concentrações de microorganismos encontrados apontaram para o risco de consumir a água. "Esse plástico não é usado em nenhuma parte do mundo. É uma invenção brasileira, e errada", afirmou.


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