São Paulo, sexta-feira, 13 de maio de 2005

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Todo mundo sabia, diz aluna

AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL

"Eu sabia que mais cedo ou mais tarde isso ia acontecer. Só não sabia que ia ser tão rápido", conta Maria, 25, estudante da Unip e amiga do universitário preso no centro acadêmico de odontologia na última terça-feira.
"Todo mundo sabia [que havia venda de drogas no local], mas sempre foi algo impune. Ninguém tocava no assunto, era como fumar um cigarro ou beber uma cerveja."
O "cristal", também conhecido como "ice", era comum no local, afirma a estudante. Já as "cápsulas do vento" começaram a ser comercializadas recentemente.
Segundo Maria, a venda de drogas começou a se intensificar no local há cerca de três anos, mas nunca levou a situações de violência ou ameaças. "Não era barra pesada. Era uma coisa tranqüila, amigável", afirma.
Embora o tráfico atendesse a alunos de todos os cursos, segundo a estudante, apenas os alunos de odontologia tinham permissão para consumi-las no centro acadêmico. "Não era qualquer um que podia chegar e fumar ali."
"Que rola droga aqui todo mundo sabe, mas quem vende essas coisas eu não sei", disse Vinícius Galina, 22, que cursa engenharia mecatrônica na Unip.
O centro fica sobre o bar da Rô, onde estava prevista uma "chopada" nesta sexta-feira, como anunciava ontem uma faixa estendida no local.
"A primeira vez que eu ouvi falar de droga aqui foi na propaganda dessa festa. As pessoas diziam que ia ter chope a noite inteira e "muito do bom". Falavam isso como um marketing da festa", afirma o estudante Pedro (nome fictício), 21, calouro de engenharia.
As janelas do centro são voltadas para o prédio da universidade, e a porta que leva ao local fica ao lado da entrada do bar. O dono do estabelecimento não quis se identificar e disse apenas não ter nenhuma ligação com o centro, que funciona no andar superior.
A reportagem não encontrou ontem integrantes da diretoria do centro acadêmico de odontologia.


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