|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Todo mundo sabia, diz aluna
AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL
"Eu sabia que mais cedo ou
mais tarde isso ia acontecer. Só
não sabia que ia ser tão rápido",
conta Maria, 25, estudante da
Unip e amiga do universitário
preso no centro acadêmico de
odontologia na última terça-feira.
"Todo mundo sabia [que havia
venda de drogas no local], mas
sempre foi algo impune. Ninguém tocava no assunto, era como fumar um cigarro ou beber
uma cerveja."
O "cristal", também conhecido
como "ice", era comum no local,
afirma a estudante. Já as "cápsulas
do vento" começaram a ser comercializadas recentemente.
Segundo Maria, a venda de drogas começou a se intensificar no
local há cerca de três anos, mas
nunca levou a situações de violência ou ameaças. "Não era barra
pesada. Era uma coisa tranqüila,
amigável", afirma.
Embora o tráfico atendesse a
alunos de todos os cursos, segundo a estudante, apenas os alunos
de odontologia tinham permissão
para consumi-las no centro acadêmico. "Não era qualquer um
que podia chegar e fumar ali."
"Que rola droga aqui todo mundo sabe, mas quem vende essas
coisas eu não sei", disse Vinícius
Galina, 22, que cursa engenharia
mecatrônica na Unip.
O centro fica sobre o bar da Rô,
onde estava prevista uma "chopada" nesta sexta-feira, como anunciava ontem uma faixa estendida
no local.
"A primeira vez que eu ouvi falar de droga aqui foi na propaganda dessa festa. As pessoas diziam
que ia ter chope a noite inteira e
"muito do bom". Falavam isso como um marketing da festa", afirma o estudante Pedro (nome fictício), 21, calouro de engenharia.
As janelas do centro são voltadas para o prédio da universidade, e a porta que leva ao local fica
ao lado da entrada do bar. O dono
do estabelecimento não quis se
identificar e disse apenas não ter
nenhuma ligação com o centro,
que funciona no andar superior.
A reportagem não encontrou
ontem integrantes da diretoria do
centro acadêmico de odontologia.
Texto Anterior: Centro acadêmico escondia "droga do vento" Próximo Texto: Eu usei: "Não queria mais ficar louco, mas aquilo continuava" Índice
|