FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL

Entregues os R$ 30 combinados, o estudante de administração Daniel (nome fictício), 22, recebeu uma estranha cápsula transparente que parecia não conter nada. "Já sabia que o negócio era assim, que parecia não ter nada dentro, mas que ali tinha LSD (dietilamida do ácido lisérgico) puro. Mesmo assim fiquei na dúvida se aquilo provocaria algum efeito."
A compra foi feita no final de 2004, em São Paulo, dentro da faculdade onde Daniel estuda. A chamada "cápsula do vento", porém, só foi ingerida no litoral norte de São Paulo, em uma viagem feita com os amigos.
"Não queria tomar uma inteira. Joguei a cápsula dentro de uma garrafa de água e esperei aquilo dissolver. Depois, tomei metade da água e uma amiga tomou a outra metade", explica. "Tomei meio desacreditado, mas a coisa é forte."
Cerca de 40 minutos depois, Daniel começou a achar tudo muito divertido. "Ria de qualquer coisa. Falava bobagens. Tudo era muito engraçado. Fiquei bastante eufórico."
Em seguida, passou a sentir um leve formigamento no corpo todo e os sentidos aguçados. As cores à sua volta, segundo ele, ganharam brilho e intensidade novos. "Até os musgos das pedras da praia tinham um verde mais vivo, diferente."

Angústia
Algumas horas após, ao chegar em casa e deitar-se no sofá para descansar, as listras do tecido pareciam escorregar. "Vi muitas coisas [inanimadas] se mexerem. Algumas escorriam, outras giravam em espiral."
As alucinações eram fortes. "É meio chocante. Se você não está preparado, leva um baque porque fica fora de si por muito tempo." O aluno calcula que tenha ficado "fora de si" por oito horas. Seus amigos que tomaram uma cápsula inteira, segundo ele, ficaram sob o efeito do alucinógeno por 15 horas.
"Depois de horas, comecei a sentir dor de cabeça e paranóia. Não queria mais ficar louco, mas aquilo continuava e continuava. O negócio não ia embora. Fiquei muito angustiado."


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