São Paulo, sábado, 13 de maio de 2006

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PROMOÇÃO

Vendedores reclamam que compradores sumiram após implantação do sistema na praça Charles Miller, no Pacaembu

Para atrair freguês, feirante paga zona azul

LUÍSA BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Para tentar recuperar os clientes perdidos após a implantação do sistema de zona azul na praça Charles Miller, no bairro do Pacaembu (zona oeste de São Paulo), muitos feirantes estão dando as folhinhas de zona azul para que os fregueses não precisem pagar pelo estacionamento.
Há feira na praça quatro vezes por semana: terça, quinta, sexta e sábado, das 7h às 14h.
Segundo os feirantes, desde que a zona azul foi implantada, no final de março, o movimento caiu em média de 20% a 30%.
"Dou zona azul para os clientes não terem de procurar lugar para comprar a folhinha nem gastar a mais na feira", afirmou o vendedor de frutas Osmar Pereira, que conta até com um manobrista para os fregueses habituais.
Ele diz gastar em média dez talões de zona azul por semana. No começo gastava mais, mas o número de clientes diminuiu. Ele compra o talão de dez folhas por R$ 16,40. Com uma folha o carro pode ficar por três horas na praça.
Os clientes reclamam do novo sistema. "Desaprovo essa zona azul durante o dia. Acho um constrangimento ter que pagar para vir à feira", afirmou o engenheiro Arnaldo Baldini, que há 37 anos fazia compras no local e parou de ir à feira há um mês. "Se você vai comprar pouca coisa não vale a pena pagar a zona azul", diz a dona-de-casa Clara Sancovsky.
O sindicato dos feirantes pediu à CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) que reduzisse o preço dos talões para seus afiliados. A entidade quer um tratamento como o dado aos alunos da Faap (Fundação Armando Alvares Penteado). Cada estudante paga R$ 40 mensais e tem o direito de usar um cartão especial de segunda a sexta, seis horas por dia.
Para o presidente da associação Viva Pacaembu por São Paulo, Pedro Ernesto Py, há uma discriminação com quem não estuda na Faap. Segundo ele, após a implantação da zona azul, houve um aumento de carros estacionados em ruas residenciais da área.

CET
Segundo Celso Buendia, gerente de estacionamento da CET, não há privilégio para os alunos da Faap. "Eles são usuários contínuos da área", disse. Segundo ele, o sistema atual não vai mudar porque atende todos os usuários. "A zona azul da Charles Miller já tem um diferencial para quem vai à feira que é o fato de poder ficar três horas por R$ 1,80. Em outros lugares da cidade esse mesmo valor dá direito a uma hora."
Hoje há um total de 560 vagas (dessas, 20 para deficientes e 30 para veículos de feirantes).


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