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"Vai ser um pouso difícil", alerta co-piloto
Depois da colisão com Boeing, Paladino comenta com colega que jato havia sido "esquecido" pelos controladores de vôo
Só após o choque com o avião da Gol, comandante percebe, perplexo, que o sistema anticolisão do Legacy estava desligado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dois minutos depois da colisão com o Boeing da Gol, o co-piloto Jan Paladino -mais experiente em jatos semelhantes
ao Legacy e demonstrando
mais controle da situação dramática na cabine- assume o
comando do avião para fazer o
pouso na base militar na Serra
do Cachimbo com o seguinte
aviso: "Coloquem os cintos. Vai
ser um pouso difícil".
O comandante, Joe Lepore,
recém-certificado para pilotar
esse tipo de avião, ficou, ao que
indica a caixa-preta, em choque
ou perplexo, especialmente depois de constatar em voz alta
que o TCAS (sistema anticolisão) estava mesmo desligado.
Durante os 26 minutos entre
a colisão e o pouso de emergência, Lepore comentava que "bateram em algo".
Pragmático, Paladino já havia localizado o aeroporto mais
próximo, iniciou a descida
atento a outros aviões, deu instruções a Lepore e aos passageiros que vieram à cabine e
tentava controlar a aceleração
excessiva durante a descida.
Seis minutos antes de pousar, a tensão começa a subir na
cabine porque o avião começa a
dar sinais sonoros (três apitos)
e uma voz mecânica pede o
acionamento do trem de pouso.
Isso acontece 26 vezes em três
minutos. Paladino diz: "Foda-se a buzina, não se preocupe".
Ele opta pelo acionamento no
último momento.
Em seguida, comenta de forma retórica: "... o problema é
que eles perderam a porra do
radar" -indicação de que pode
ter compreendido que o TCAS
desligado significava que o
transponder estava desligado e,
portanto, o controle de tráfego
aéreo não tinha dados precisos
de radar na tela.
Segundos antes do pouso,
Lepore volta a comentar: "Nós
batemos em algo, cara. Nós batemos em outro avião. Eu não
sei de onde da porra ele veio".
Ao tocar o solo, Paladino dá
gargalhadas e exclama: "Porra,
estamos vivos".
Os cinco passageiros aplaudem e Paladino começa um dos
vários pedidos de desculpas ao
colega por tomar o comando.
"Desculpa, cara. Eu não tive a
intenção de fazer isso contigo."
Quando estão quase estacionados, Paladino traça o cenário
de que foram "esquecidos" pelos controladores. "Eles provavelmente estavam tentando fazer com que a gente descesse.
Mas provavelmente a gente
não estava no radar. Ou eles fizeram merda ou simplesmente
não..", prossegue.
"Eu tentei pegar eles. Isto
não está certo. Eu não falei com
ninguém por um longo tempo",
disse Paladino. Posteriormente, foi verificado que nem o Legacy nem Brasília tentaram
contato por rádio por 35 minutos. "Mas eu estou preocupado
com o outro avião. Se nós batemos em outro avião...", conclui
Lepore.
(LS)
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