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Mãe ajuda a inspirar o repertório de chef famoso
Mestres revelam a influência materna
na hora de aprender a comer e cozinhar
Otávia, mãe do chef Alex
Atala, do restaurante D.O.M.,
diz que o filho mostrava
desde pequeno relação
especial com a comida
VÂNIA LOBO
DA REVISTA DA FOLHA
A maioria das pessoas que
freqüenta um fogão aprendeu a
cozinhar com a mãe e, pelas
mãos dela, recebeu alimento
por um período significativo da
vida. Idiossincrasias à parte,
ambas as relações -entre mãe
e filho e entre ser humano e comida- são umbilicais. Alguém
discorda?
Com histórias de vida diversas mas dividindo trajetórias
profissionais bem-sucedidas,
dois chefs contam aqui as influências recebidas de suas genitoras na hora de aprender a
comer, aprender a cozinhar e a
transformar o preparo da comida em profissão. E, de quebra, compartilham delícias exclusivas, tiradas dos cadernos
de receitas de família. Todas as
receitas e outras três histórias
estão no site da Revista
(www.uol.com.br/revista)
Ovinho sem sal
Ao lado de uma prosaica rabada refogada nenhum prato
tem vez para o chef Alex Atala,
39, que aprendeu a preparar essa carne com a mãe, Otávia, 63,
ainda na adolescência. Anos depois, o proprietário do D.O.M.
-eleito o 38º melhor restaurante do mundo pela revista inglesa "Restaurant"- elevou esse prato de casa ao cardápio de
seu restaurante. Mas nas mãos
do inventivo cozinheiro a receita já não é mais a mesma.
Reconhecido pela criatividade, geralmente respaldada por
técnicas ousadas, Alex Atala se
dedica a descobrir novas formas de cozinhar, sempre focando ingredientes brasileiros,
especialmente os pouco conhecidos. Hoje, além do posto de
melhor chef do Brasil, conquistou também o respeito de colegas famosos, como o espanhol
Ferran Adrià, o celebrado "alquimista" das panelas.
Mas com quem o já inquieto
menino Alex aprendeu a cozinhar? "Apesar de as mães sempre nos ensinarem algo, não foi
com a minha que aprendi o
principal." O exemplo veio pelo
lado de fora da cozinha: Otávia
representa para ele determinação e força de trabalho.
Desde a separação dos pais,
aos 12 anos, Atala viu as dificuldades da mãe para conciliar a
educação de quatro filhos com
o trabalho fora de casa. O orgulho maternal não é menor do
que o expresso pelo filho ao relatar como a mãe conquistou
independência financeira e a
direção de um negócio próprio.
Embora afirme, risonha, ter
certeza de que o filho é do tipo
que não sente falta da comida
de mãe, recorda exatamente
quais os pratos preparava e que
marcaram a infância dele: a rabada, a ambrosia e o peru de
Natal eram os prediletos.
"Desde muito cedo Alex mostrava uma relação especial com
a comida. Certa vez, ele me surpreendeu pedindo para que
não pusesse sal num ovo cozido, porque queria sentir seu sabor natural", recorda.
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