São Paulo, domingo, 13 de maio de 2007

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Mãe ajuda a inspirar o repertório de chef famoso

Mestres revelam a influência materna na hora de aprender a comer e cozinhar

Otávia, mãe do chef Alex Atala, do restaurante D.O.M., diz que o filho mostrava desde pequeno relação especial com a comida

VÂNIA LOBO
DA REVISTA DA FOLHA

A maioria das pessoas que freqüenta um fogão aprendeu a cozinhar com a mãe e, pelas mãos dela, recebeu alimento por um período significativo da vida. Idiossincrasias à parte, ambas as relações -entre mãe e filho e entre ser humano e comida- são umbilicais. Alguém discorda?
Com histórias de vida diversas mas dividindo trajetórias profissionais bem-sucedidas, dois chefs contam aqui as influências recebidas de suas genitoras na hora de aprender a comer, aprender a cozinhar e a transformar o preparo da comida em profissão. E, de quebra, compartilham delícias exclusivas, tiradas dos cadernos de receitas de família. Todas as receitas e outras três histórias estão no site da Revista (www.uol.com.br/revista)
 

Ovinho sem sal
Ao lado de uma prosaica rabada refogada nenhum prato tem vez para o chef Alex Atala, 39, que aprendeu a preparar essa carne com a mãe, Otávia, 63, ainda na adolescência. Anos depois, o proprietário do D.O.M. -eleito o 38º melhor restaurante do mundo pela revista inglesa "Restaurant"- elevou esse prato de casa ao cardápio de seu restaurante. Mas nas mãos do inventivo cozinheiro a receita já não é mais a mesma.
Reconhecido pela criatividade, geralmente respaldada por técnicas ousadas, Alex Atala se dedica a descobrir novas formas de cozinhar, sempre focando ingredientes brasileiros, especialmente os pouco conhecidos. Hoje, além do posto de melhor chef do Brasil, conquistou também o respeito de colegas famosos, como o espanhol Ferran Adrià, o celebrado "alquimista" das panelas.
Mas com quem o já inquieto menino Alex aprendeu a cozinhar? "Apesar de as mães sempre nos ensinarem algo, não foi com a minha que aprendi o principal." O exemplo veio pelo lado de fora da cozinha: Otávia representa para ele determinação e força de trabalho.
Desde a separação dos pais, aos 12 anos, Atala viu as dificuldades da mãe para conciliar a educação de quatro filhos com o trabalho fora de casa. O orgulho maternal não é menor do que o expresso pelo filho ao relatar como a mãe conquistou independência financeira e a direção de um negócio próprio.
Embora afirme, risonha, ter certeza de que o filho é do tipo que não sente falta da comida de mãe, recorda exatamente quais os pratos preparava e que marcaram a infância dele: a rabada, a ambrosia e o peru de Natal eram os prediletos.
"Desde muito cedo Alex mostrava uma relação especial com a comida. Certa vez, ele me surpreendeu pedindo para que não pusesse sal num ovo cozido, porque queria sentir seu sabor natural", recorda.


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