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Termômetro de mercúrio é substituído
Hospitais da capital dão preferência aos termômetros digitais para evitar a contaminação de pacientes e funcionários
Quando o aparelho de medição quebra, o risco é o mercúrio causar desde pneumonia a danos no sistema nervoso central
DA REPORTAGEM LOCAL
O risco de contaminação de
pacientes e funcionários fez
com que 94 hospitais da capital
paulista trocassem nos últimos
12 meses seus termômetros de
mercúrio por outros modelos,
principalmente os digitais.
O balanço foi divulgado neste
mês, na Jornada da Eliminação
do Uso de Aparelhos com Mercúrio, realizada na Faculdade
de Saúde Pública da USP (zona
oeste de SP). O número refere-se a hospitais que já trocaram
os aparelhos ou ao menos iniciaram o processo.
Algumas das instituições citadas foram o Albert Einstein, o
Oswaldo Cruz e o Hospital Geral de Pedreira. Outras 73 entidades da capital ainda avaliam
a troca dos medidores.
Durante o evento, a médica
auditora do Ministério do Trabalho Cecília Zavariz, coordenadora do Programa Nacional
de Mercúrio, afirmou que a
substituição dos termômetros
também deveria ser seguida pela população em geral.
O risco, segundo ela, ocorre
quando o aparelho se quebra, e
o mercúrio é liberado, junto
com pequenas esferas metálicas, também contaminadas. "A
substância presente em um
único termômetro já pode causar pneumonia", disse Cecília.
Danos maiores
Em níveis maiores, a médica
afirma que pode haver danos ao
sistema nervoso central, causando problemas com memória e dificuldades de concentração, entre outros. Ela afirmou
ainda que a substância, uma vez
inalada, nunca mais é eliminada pelo organismo.
"O mercúrio faz muito mal à
saúde. Há dois séculos já se sabe que ele pode levar o indivíduo até a demência", disse o
professor da Faculdade da Santa Casa de São Paulo Luiz Carlos Morrone, que representou o
Cremesp (Conselho Regional
de Medicina do Estado de São
Paulo) no evento.
Segundo Cecília, um dos
principais obstáculos para a
substituição dos termômetros
é o preço. Ela disse que um modelo digital, em média, custa
R$ 20, quatro vezes mais do
que um de mercúrio. "Mas o
risco de contaminação não vale
essa economia. Além disso, os
digitais não quebram e podem
durar a vida toda."
Durante o encontro, um ex-funcionário de uma empresa de
lâmpadas fluorescentes, produto que usa mercúrio, relatou
que foi contaminado. "Sentia
canseira e gosto de metal na boca. Também fiquei mais agressivo", disse Valdivino dos Santos Rocha, 52, que se aposentou devido à contaminação.
Coleta
Além do acordo dos hospitais
para a substituição dos termômetros, o Programa Nacional
de Mercúrio firmou uma parceria com a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente para que a pasta se encarregue de recolher os aparelhos nas instituições que aderirem ao programa.
O cidadão que quiser substituir seu aparelho com mercúrio
poderá levá-lo a uma dessas
instituições. No entanto, ainda
não está definido quando começa essa coleta.
Outra ação do programa será
a distribuição de 10 mil cartilhas nos hospitais da capital
paulista, tanto públicos quanto
privados. O material mostrará
os riscos do uso dos aparelhos
com mercúrio.
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