São Paulo, domingo, 13 de maio de 2007

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Termômetro de mercúrio é substituído

Hospitais da capital dão preferência aos termômetros digitais para evitar a contaminação de pacientes e funcionários

Quando o aparelho de medição quebra, o risco é o mercúrio causar desde pneumonia a danos no sistema nervoso central

DA REPORTAGEM LOCAL

O risco de contaminação de pacientes e funcionários fez com que 94 hospitais da capital paulista trocassem nos últimos 12 meses seus termômetros de mercúrio por outros modelos, principalmente os digitais.
O balanço foi divulgado neste mês, na Jornada da Eliminação do Uso de Aparelhos com Mercúrio, realizada na Faculdade de Saúde Pública da USP (zona oeste de SP). O número refere-se a hospitais que já trocaram os aparelhos ou ao menos iniciaram o processo.
Algumas das instituições citadas foram o Albert Einstein, o Oswaldo Cruz e o Hospital Geral de Pedreira. Outras 73 entidades da capital ainda avaliam a troca dos medidores.
Durante o evento, a médica auditora do Ministério do Trabalho Cecília Zavariz, coordenadora do Programa Nacional de Mercúrio, afirmou que a substituição dos termômetros também deveria ser seguida pela população em geral.
O risco, segundo ela, ocorre quando o aparelho se quebra, e o mercúrio é liberado, junto com pequenas esferas metálicas, também contaminadas. "A substância presente em um único termômetro já pode causar pneumonia", disse Cecília.

Danos maiores
Em níveis maiores, a médica afirma que pode haver danos ao sistema nervoso central, causando problemas com memória e dificuldades de concentração, entre outros. Ela afirmou ainda que a substância, uma vez inalada, nunca mais é eliminada pelo organismo.
"O mercúrio faz muito mal à saúde. Há dois séculos já se sabe que ele pode levar o indivíduo até a demência", disse o professor da Faculdade da Santa Casa de São Paulo Luiz Carlos Morrone, que representou o Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) no evento.
Segundo Cecília, um dos principais obstáculos para a substituição dos termômetros é o preço. Ela disse que um modelo digital, em média, custa R$ 20, quatro vezes mais do que um de mercúrio. "Mas o risco de contaminação não vale essa economia. Além disso, os digitais não quebram e podem durar a vida toda."
Durante o encontro, um ex-funcionário de uma empresa de lâmpadas fluorescentes, produto que usa mercúrio, relatou que foi contaminado. "Sentia canseira e gosto de metal na boca. Também fiquei mais agressivo", disse Valdivino dos Santos Rocha, 52, que se aposentou devido à contaminação.

Coleta
Além do acordo dos hospitais para a substituição dos termômetros, o Programa Nacional de Mercúrio firmou uma parceria com a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente para que a pasta se encarregue de recolher os aparelhos nas instituições que aderirem ao programa.
O cidadão que quiser substituir seu aparelho com mercúrio poderá levá-lo a uma dessas instituições. No entanto, ainda não está definido quando começa essa coleta.
Outra ação do programa será a distribuição de 10 mil cartilhas nos hospitais da capital paulista, tanto públicos quanto privados. O material mostrará os riscos do uso dos aparelhos com mercúrio.


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