Subprefeitura retirou parte de grama de calçada, alegando que barro sujava a área

Além da função paisagística, o objetivo da grama era absorver a água da chuva, embora o piso de concreto também seja absorvente

LÍVIA SAMPAIO
DO "AGORA"

Parte do "piso" de grama ecologicamente correto colocado em 2007 na avenida Doutor Arnaldo, uma das mais movimentadas da zona oeste, está novamente dando lugar ao concreto. Segundo a Subprefeitura da Sé, responsável pela mudança, os pedestres pisavam na área gramada e, com os pés enlameados, sujavam a área.
As obras ocorrem entre a rua Cardeal Arcoverde e a entrada para a avenida Rebouças, no sentido bairro-centro. Na região estão a estação de metrô Clínicas, a Faculdade de Medicina da USP e os hospitais Emílio Ribas e Instituto do Câncer Octavio Frias de Oliveira.
A subprefeitura afirmou que as obras acabam no final da semana, se não chover. Não há estimativa de custo, disse a pasta. Além da função paisagística, o objetivo da calçada era absorver a água da chuva, embora o ladrilho hidráulico também seja absorvente. A faixa gramada, intercalada com concreto, ficava apenas do lado externo da calçada para facilitar a passagem dos pedestres.
"A prefeitura tem de dar o exemplo e conseguir o máximo de área permeável e verde, aquela área é uma ilha de calor da cidade. É uma metodologia equivocada, que se busque uma alternativa que não suje a calçada", diz o ambientalista Carlos Bocuhy, do Conselho Estadual do Meio Ambiente e presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental.

Problema
Secretário das Subprefeituras, Andrea Matarazzo, afirma que "a grama lá era mais problema do que solução". "As pessoas pisam muito e não fica grama. Tem gente tropeçando, se sujando. É um lugar em que passa muita gente, tem ponto de ônibus, estação de metrô. As pessoas param o carro e descem. Fica feio e gera acidente. As pessoas não respeitam canteiro nas calçadas, é uma pena", diz.