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Serra descumpre 40% das metas de 2008
Objetivos foram traçados pelo próprio governador e integram o planejamento de médio prazo para o Estado de São Paulo
O pior desempenho ocorreu
no sistema prisional, com
menos de 30% das metas
cumpridas; na saúde, tucano
realizou maioria dos planos
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador de São Paulo,
José Serra (PSDB), não conseguiu cumprir 40% das metas
estabelecidas por ele mesmo
para 2008, primeiro ano do planejamento de médio prazo do
Estado, o chamado PPA (Plano
Plurianual), que vai até 2011.
Nesse documento, o governo
torna públicas suas diretrizes e
diz como executará o Orçamento. Em nenhuma área Serra conseguiu cumprir na íntegra os objetivos estipulados.
Segundo o governo, considerando-se cada ação individualmente, 72,5% tiveram cumprimento superior a 80%.
A Secretaria da Administração Penitenciária, por exemplo,
atingiu só 28,5% das metas.
No ano passado, havia 96.540
vagas para 145.096 presos. Das
12.566 vagas com previsão de
abertura no ano passado, apenas 2.032 saíram do papel.
Dentre as explicações gerais
dadas pelo governo, estão mudanças de políticas, dificuldade
de liberação de áreas para construções, morosidade em licitações e até a crise econômica.
A ampliação da malha metroviária também ficou abaixo do
esperado. As duas obras em
curso que integram o Plano de
Expansão do Metrô não andaram conforme o previsto.
Na primeira fase da linha 4-Amarela (seis estações, da Luz
à Vila Sônia), a previsão era fazer 47% das obras, mas menos
da metade disso foi concluída.
O governo diz que foi preciso
"adequar" o cronograma da
obra (que o governo só fiscaliza,
já que a construção e a operação da linha foram concedidas).
Da expansão da linha 2-Verde (do Alto do Ipiranga até a Vila Prudente, na zona leste),
apenas um terço do previsto foi
concluído. O relatório alega
atraso nas desapropriações.
Para o consultor de transportes Flamínio Fichmann, as justificativas são "inaceitáveis", e
o não cumprimento das metas
pode gerar atraso na entrega
das obras, prevista para 2010.
"É preciso apresentar uma
justificativa concreta.". No caso
das desapropriações, diz, mesmo quando há algum impasse
em à indenização, a obra pode
ir sendo tocada.
Na habitação, metas de urbanização de favelas, construção
de moradias e concessão de
crédito para reformas não foram cumpridas. Por outro lado,
o governo conseguiu reassentar mais famílias que o previsto.
Na favela Jardim Pantanal,
zona leste da capital, onde a
meta era atender 2.400 famílias, só 11% foram beneficiadas.
O governo admite o atraso
das obras. Dos R$ 144 milhões
previstos para urbanização, foram gastos R$ 35 milhões.
Para a pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas Urbanas da PUC Mônica Carvalho de Souza, os dados, ainda
que "genéricos", mostram a
"guerra" pela ocupação da terra
que há entre políticas habitacionais e mercado imobiliário.
"Favelas em certas regiões
muitas vezes significam entraves à valorização imobiliária.
Pode ser mais fácil para o poder
público reassentar do que urbanizar algumas áreas", afirma.
Na área da saúde, a gestão
Serra cumpriu a maioria das
metas. Algumas foram superadas amplamente, como no quesito vacinação de rotina: foram
previstas cerca de 16 milhões e
superadas em 4 milhões.
(ROGÉRIO PAGNAN, RICARDO
SANGIOVANNI e MÁRCIO PINHO)
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