São Paulo, quinta-feira, 13 de maio de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

LENORE GABRIEL (1927-2010)

A funcionária do HCor que consolava famílias

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Nos últimos 33 anos, uma senhora percorreu os corredores do HCor (Hospital do Coração), em SP, acalmando e consolando familiares dos que ali recebiam assistência.
Era Lenore Gabriel, paulistana formada em geografia que se aposentou como professora antes de entrar para a instituição. Não se casou nem teve filhos e voltou todo seu lado afetivo para o HCor, do qual foi uma das mais antigas funcionárias em atividade.
De família libanesa, foi batizada Lenore devido ao poema "O Corvo" (1845), do escritor Edgar Allan Poe. Deu aulas em Cafelândia (SP) e dirigiu uma escola em Itapecerica da Serra. Aposentada, foi convidada para ser relações públicas num recém-fundado HCor com cem leitos e apenas quatro pacientes.
Era "pau pra toda obra", como contou certa vez numa publicação do hospital. Montou camas e arrumou quartos.
Certa vez, recebeu uma ligação do hospital, durante a madrugada, dizendo que um paciente precisava urgentemente usar um aparelho médico que o HCor não possuía.
Lenore foi ajudar: ligou para outro hospital e conseguiu o equipamento emprestado, mas ele era muito pesado. Fez mais ligações e convenceu os Bombeiros a ajudarem. Deu certo: o paciente sobreviveu.
Gostava de ser chamada de "facilitadora". Era uma mulher elegante, discreta, de olhos azuis esverdeados.
Morreu no sábado, aos 82, de câncer de fígado. Sua missa de sétimo dia será amanhã, às 11h, na igreja Nossa Senhora do Brasil, em São Paulo.

coluna.obituario@uol.com.br


Texto Anterior: Mortes
Próximo Texto: Irmão de morto pela PM do Rio sofre ameaça
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.