|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
LENORE GABRIEL (1927-2010)
A funcionária do HCor que consolava famílias
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Nos últimos 33 anos, uma
senhora percorreu os corredores do HCor (Hospital do
Coração), em SP, acalmando e
consolando familiares dos
que ali recebiam assistência.
Era Lenore Gabriel, paulistana formada em geografia
que se aposentou como professora antes de entrar para a
instituição. Não se casou nem
teve filhos e voltou todo seu
lado afetivo para o HCor, do
qual foi uma das mais antigas
funcionárias em atividade.
De família libanesa, foi batizada Lenore devido ao poema "O Corvo" (1845), do escritor Edgar Allan Poe.
Deu aulas em Cafelândia
(SP) e dirigiu uma escola em
Itapecerica da Serra. Aposentada, foi convidada para ser
relações públicas num recém-fundado HCor com cem leitos
e apenas quatro pacientes.
Era "pau pra toda obra", como contou certa vez numa
publicação do hospital. Montou camas e arrumou quartos.
Certa vez, recebeu uma ligação do hospital, durante a
madrugada, dizendo que um
paciente precisava urgentemente usar um aparelho médico que o HCor não possuía.
Lenore foi ajudar: ligou para outro hospital e conseguiu
o equipamento emprestado,
mas ele era muito pesado. Fez
mais ligações e convenceu os
Bombeiros a ajudarem. Deu
certo: o paciente sobreviveu.
Gostava de ser chamada de
"facilitadora". Era uma mulher elegante, discreta, de
olhos azuis esverdeados.
Morreu no sábado, aos 82,
de câncer de fígado. Sua missa
de sétimo dia será amanhã, às
11h, na igreja Nossa Senhora
do Brasil, em São Paulo.
coluna.obituario@uol.com.br
Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Irmão de morto pela PM do Rio sofre ameaça Índice
|