São Paulo, terça-feira, 13 de junho de 2000


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Viúva tenta recuperar dinheiro

EM SÃO PAULO

A pensionista Maria Luiza Elias, 56, está correndo contra o tempo. Com um problema de saúde nas pernas, ainda não identificado pelos médicos, ela caminha com dificuldade.
Viúva do tenente José Elias, que morreu em 97 depois de 31 anos de trabalho na Polícia Militar, Maria Luiza quer saber que fim levou o processo 448/84, que tramitou na Justiça de São Paulo, foi vencido pelo advogado do marido e já pago, segundo ela, pelo governo por meio do precatório 753/87.
"Eu nunca recebi qualquer notícia do advogado. Meu marido morreu esperando esse dinheiro", conta ela. "É uma injustiça o que está acontecendo. Confiamos em gente que não merecia", lamenta Maria Luiza.
O precatório 753/87, no qual o tenente José Elias é um dos 153 autores, foi recebido pelo escritório do coronel aposentado Dorival Rossi entre 93 e 97. Em valores atuais, as cinco retiradas somam R$ 616.891, mas Maria Luiza afirma que nunca viu sua parte desse dinheiro.

Desespero
Luiz Carlos Guimarães, 62, que se aposentou como sargento em 91, é autor em nove processos, com sete advogados diferentes, na Justiça de São Paulo.
Em 96, o sargento Guimarães conta que apareceram R$ 700 em sua conta bancária, mas até hoje não sabe a qual ação se refere o depósito e, principalmente, se a quantia que tem de receber é essa mesma.
Casado, pai de três filhos, Guimarães afirma que já procurou o advogado Oswaldo D'Asti de Lima, com quem tem duas ações, ambas já pagas pelo governo, mas nunca o encontrou.
"Ninguém dá satisfação para a gente. Acho que tenho muito mais para receber. O único jeito é meter uma bala na cabeça desses caras", desespera-se o sargento aposentado.

53 cruzeiros
A situação de Izabel Ferreira dos Santos, 73, é ainda mais complicada. Em 93, ela ficou viúva do sargento Joaquim dos Santos Silva, que movia processos contra a Fazenda.
O problema é que ela não sabe quantas são as ações nem o nome dos advogados. Até hoje, nunca foi procurada para receber explicações sobre o andamento dos processos.
"De 93 até hoje, depositaram apenas 53 cruzeiros na minha conta. Será que é isso mesmo que eu tenho para receber?", pergunta a viúva.
(ALEXANDRE OLTRAMARI)

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