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Medida é uma recomendação, diz procurador
DA REPORTAGEM LOCAL
O procurador-geral de
Justiça de São Paulo, Fernando Grella Vieira, nega o
"encabrestamento" da Promotoria e diz que o documento publicado é apenas
uma "diretriz" e traz "recomendações" aos promotores
do Gaeco. "Não há sanção pelo descumprimento do plano
de atuação. Isso é balizamento da política de atuação."
Grella diz que a intenção
da medida é evitar o "alijamento" do promotor natural
do caso, como vem ocorrendo, e criar metas de atuação
aos Gaecos. Hoje, segundo
ele, os grupos assumem casos sem autorização desse
promotor natural, como determina legislação interna.
O promotor natural é
aquele que tem o direito de
oficiar nos processos afetos
ao âmbito de suas atribuições. O promotor do Júri,
por exemplo, atua nos casos
de homicídio. Por essa definição, o promotor não é escolhido conforme o réu e tem
sua independência de atuação garantida pela Constituição, de forma inviolável.
"Você pode ter um acusador que seja complacente
com alguém ou que seja vingativo. O princípio do promotor natural é justamente
para que acusador seja imparcial", afirmou ele.
"Hoje não temos isso. Hoje, o promotor do Gaeco é escolhido por critérios subjetivos pelo procurador-geral,
sem a participação da Promotoria, e faz o que ele quer.
Sem atender uma diretriz
institucional e sem respeitar
o princípio do promotor natural. Então, têm casos que
ele pega, porque interessa a
ele. Outros casos, não. Ele
alija ou não alija o promotor
natural. Nós não podemos
conviver com isso. Você não
pode escolher o seu acusador", disse.
O procurador-geral admite que pelo texto publicado
não dá para se ter essa interpretação e trata todos os tipos de investigação do grupo.
Ele justifica o problema à
forma resumida como o documento foi publicado.
O procurador diz que um
ato normativo será publicado dentro de 30 dias só para
regulamentar o Gaeco e que
nesse texto ficará claro essa
intenção "subentendida".
"Esse anunciado, está lacônico realmente e está sendo explorado dessa forma que você colocou. Na verdade, o
sentido dele como vai estar
no ato é tutelar o princípio
do promotor natural e a política de atuação da instituição, para que nem o procurador-geral escolha livremente
quem vai do Gaeco nem o
promotor natural seja alijado de atuar naquele processo
que lhe cabia", afirmou.
"O Gaeco não vai depender
de autorização do procurador-geral para apurar este ou
aquele crime. Ele atua diretamente, desde que o crime
tenha relação com organização criminosa, o Gaeco pode
atuar", afirmou ele.
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