São Paulo, segunda-feira, 13 de junho de 2011 |
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DEPOIMENTO "Quem quer morrer?", gritaram os ladrões ao entrar FLÁVIA MANTOVANI EDITORA INTERINA DA REVISTA SÃO PAULO Uma coisa que aprendi ao me mudar para São Paulo é evitar os eventos de massa que transformam qualquer promessa de bom programa em martírio. Isso inclui não ir para o litoral nos feriados e não almoçar fora no Dia das Mães, por exemplo. Evitar restaurantes no Dia dos Namorados estava na lista, mas abri uma exceção, tomando precauções: fiz reserva, para a véspera e cedo. Só não havia me preparado para ser vítima do crime da moda. Eles entraram às 21h30, dois homens, um armado, ambos agressivos. "Quem quer morrer?", gritavam. Estranho é que não tremi ou tive taquicardia, como nos sonhos de perseguição. Sentia-me em suspenso, como se o tempo tivesse parado. Essa "crise de ausência" me fez derrubar a bolsa ao entregá-la ao ladrão, o que o irritou e me rendeu ameaças. Olhei para ele de relance, o suficiente para me lembrar do rosto enquanto (não) dormia, mas não para reconhecê-lo nas fotos de suspeitos da polícia. Do brilho do revólver não me esqueço -e imagino que o senhor ao meu lado, que o sentiu encostado na cabeça, também não. Saldo final: uma jovem chorava, uma senhora rezava e propunha "um brinde à vida", o garçom pedia desculpas sem precisar. Nessas horas, você até pensa que teve sorte: de ter ficado com as chaves do carro, de nenhum tiro ter sido disparado. Sorte? Ao sair, ainda com fome, vi que os pratos continuavam subindo para o andar de cima, onde os clientes nada sofreram. Fui lá e constatei: o jantar romântico seguia. Texto Anterior: Restaurante de Pinheiros é assaltado 2 dias seguidos Próximo Texto: Polícia: Rota mata dois em ação na marginal Índice | Comunicar Erros |
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