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ÔNIBUS
Novos contratos prevêem que valor pago pelo setor será revertido pela prefeitura para investimentos no sistema
Dinheiro de multas voltará para empresas
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
O valor das multas cobradas das
empresas de ônibus de São Paulo
pela prestação inadequada do serviço vai voltar às viações na forma
de investimentos no sistema, segundo as regras da nova contratação emergencial que a administração Marta Suplicy vai implantar a partir de 1º de agosto.
O modelo prevê a criação de um
fundo, formado pelo dinheiro das
multas e descontos por descumprimento de viagens, cuja receita
será revertida pela prefeitura para
a renovação da frota, compra de
catracas eletrônicas e treinamento de trabalhadores, entre outras
melhorias. Ou seja, gastos de responsabilidade dos empresários.
As normas foram oficializadas
em um decreto publicado ontem
no "Diário Oficial". O dinheiro
das multas, atualmente, é retido
pela SPTrans (São Paulo Transporte) -órgão da prefeitura que
cuida do setor na capital paulista.
A mudança significa uma punição branda às viações. Na prática,
é como se a empresa que não
prestasse os serviços contratados,
em vez de pagar uma quantia à
prefeitura, fosse obrigada a investir no sistema -fato que a beneficia, já que um ônibus novo adquirido, por exemplo, é incorporado
ao patrimônio do empresário.
O presidente da SPTrans, Carlos
Alberto Carmona, diz que a medida é uma forma de reverter as infrações em benefícios aos usuários. Ele afirma que caberá ao órgão aprovar as melhorias a serem
feitas com a receita do fundo.
"Pode parecer um negócio meio
estranho, mas é a forma que a
gente tem para impor que alguma
coisa seja feita", diz Carmona, que
nega ter atendido a um pedido
empresarial. "A reivindicação deles era para não haver descontos."
A regra foi vista com bons olhos
pelo Transurb (sindicato das viações). Mas, segundo a Folha apurou, as viações que cometem menos irregularidades consideraram
que ela favorece principalmente
os maus prestadores do serviço.
"É uma proposta inteligente, interessante. Não adianta querer tirar mais dinheiro do sistema se as
viações não conseguem nem cobrir seus próprios custos", afirma
Antonio Sampaio Amaral Filho,
diretor jurídico do Transurb.
Nos primeiros quatro meses
deste ano, as multas e descontos
atingiram R$ 18 milhões, dinheiro
suficiente para a compra de 150
ônibus zero-quilômetro.
As diretrizes dos novos contratos emergenciais, válidos por seis
meses, foram apresentadas ontem. A SPTrans está preparando
um mecanismo jurídico para que
as viações prestem os serviços
sem contrato por mais de uma semana, já que os atuais vencem no
dia 22 e os novos só devem vigorar a partir de 1º de agosto.
A contratação dará mais flexibilidade para as viações definirem
os horários de saída dos ônibus e
fará uma nova distribuição dos
trólebus, que ficarão concentrados essencialmente nos corredores Santo Amaro, Paes de Barros,
São Mateus e Celso Garcia.
Ela prevê a possibilidade de as
empresas de ônibus, além de
prestarem os serviços convencionais, terem autorização da
SPTrans para disponibilizar um
transporte diferenciado, com tarifa de R$ 3,00, igual à dos táxis executivos. Os empresários avaliam
que esse modelo não é atrativo.
Os novos contratos incentivam
as viações a buscar usuários e favorecem as que reformarem os
veículos. Não há incentivos, porém, para as que comprarem ônibus zero-quilômetro. Hoje, 35%
da remuneração das viações é
proporcional aos passageiros
transportados e 65%, ao custo fixo da operação. O pagamento por
usuários subirá para 70%.
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