São Paulo, sábado, 13 de julho de 2002

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VIOLÊNCIA

Em um caso foi pago resgate de R$ 30 mil e nos demais a polícia chegou ao cativeiro após denúncias anônimas

Três sequestros terminam em São Paulo

DO "AGORA"

O empresário P.M.S. passou quatro dias dentro de um buraco e teve princípio de hipotermia (queda da temperatura do corpo). A dona-de-casa M.R.F.S., 62, permaneceu 19 dias em um quarto escuro, com as mãos e os pés atados. A estudante F.R.S., 20, tinha um pit bull como guarda de seu cativeiro havia uma semana.
Vítimas de sequestro em diferentes pontos da cidade, os três foram libertados entre anteontem e ontem em São Paulo. A dona-de-casa foi solta após pagamento de resgate. Nos outros dois casos, telefonemas anônimos guiaram a polícia até os cativeiros.
O empresário foi achado anteontem à noite no no Jardim Planalto (zona leste). Ele ficou amarrado em um buraco, sem poder ir ao banheiro e com uma refeição por dia. Dois suspeitos foram presos e confessaram o crime.
Segundo a PM, ele tremia muito e chorava e teve de ser medicado com calmantes.
P.M.S. foi sequestrado na manhã do dia 8 de julho por três homens armados na frente de sua empresa, uma fábrica de molduras no Sapopemba (zona leste).
Por volta das 19h30 de ontem, uma denúncia anônima levou policiais da Força Tática do 10º Batalhão da PM (Santo André) ao cativeiro. O empresário foi encontrado amarrado pelos pés e pelos tornozelos com fios de arame.
Dormia num pedaço de colchão de espuma sobre uma tábua de madeira, enrolado a um edredom. "Ele estava com os tornozelos e os punhos machucados, e sentia muitas dores musculares, não só por causa da posição em que ficou, mas também devido ao frio", disse o tenente Francisco Vanderlei da Silva. No pronto-socorro, os médicos constataram um princípio de hipotermia (queda da temperatura do corpo).
Em uma busca pelas imediações, foram localizados dois suspeitos: Antonio Rodrigo Ferreira Leonardo, 18, e T.L.N., 16. Segundo a PM, os dois confessaram o crime e foram levados à Divisão Anti-Sequestro.

Resgate
A dona-de-casa M.R.F.S., que é casada com um pequeno comerciante, foi libertada por volta das 5h de ontem na marginal Tietê, após o pagamento de R$ 30 mil de resgate. Ela foi pega por pelo menos quatro homens armados quando trafegava sozinha pela Estrada da Riviera, em Guarapiranga (zona sul).
A dona-de-casa relatou ter permanecido em um quarto escuro e úmido, deitada em um colchão, com pés e mãos amarrados. Recebia uma refeição por dia.
S.F.S., filha da vítima, disse que sua mãe foi torturada psicologicamente. "Diziam que ela nunca mais veria seus filhos e familiares porque não sairia viva", afirmou.

Pit bull
A estudante F.R.S., libertada por volta das 14h de ontem, foi a única a dizer que não foi maltratada pelos seus sequestradores.
Ela era mantida refém em uma casa na favela Heliópolis (zona sul). Quando chegaram ao local, os policiais encontraram um pit bull solto no quintal.
A estudante contou que foi pega na noite de 4/7 ao sair da casa onde mora com o noivo e os sogros, no Jardim São João Clímaco (zona sul), para ir à academia.
Segundo a polícia, anteontem a família da garota recebeu uma foto e uma carta dela como prova de que estava viva. O valor pedido como resgate não foi revelado. A estudante é filha de um comerciante e seu sogro é empresário no ramo de instrumentos cirúrgicos.



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