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AMBIENTE
Estimativa soma custos e perdas decorrentes de internações e mortes se não houver novos controles de emissões na região metropolitana
Poluição em SP pode custar R$ 16 bi até 2020
MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL
Até 2020, a poluição do ar na
Grande São Paulo deverá causar
aos cofres públicos, e conseqüentemente aos contribuintes, um
prejuízo estimado em cerca de R$
16 bilhões (US$ 5 bilhões) -um
montante que é nove vezes o orçamento deste ano da Secretaria
da Saúde da capital paulista.
É isso o que o Sistema Único de
Saúde (SUS) deverá gastar para
tratar adultos, idosos e crianças
com doenças causadas ou agravadas por substâncias nocivas lançados na atmosfera e o que a região metropolitana perderá em
produtividade por mortes em decorrência desses problemas.
O valor corresponde a 21 mil visitas a hospitais por pessoas com
mais de 44 anos com complicações cardiovasculares; cerca de
9.000 internações de maiores de
64 anos e menores de três anos
por doenças respiratórias; e pouco mais de 30 mil mortes de idosos e crianças menores de cinco
anos por um dos problemas.
Entre 1997 e 2000, foram registradas na Grande São Paulo, ao
todo, 63 mil mortes e 83 mil internações por doenças respiratórias
e cardiovasculares -nem todas
ligadas à poluição atmosférica.
Para evitar as perdas de vidas e
de recursos, é preciso, nos próximos 15 anos, implementar ao menos quatro políticas de redução
de emissões: a inspeção veicular
ambiental; a integração do transporte coletivo metropolitano,
com expansão do metrô (previstos no Pitu, o Plano Integrado de
Transporte Urbano, do governo
estadual); a substituição, na indústria, do diesel e do óleo por gás
natural; e a melhoria da qualidade
do diesel combustível e do controle de poluição nos caminhões.
O alerta e a receita são dados pela versão para a Grande São Paulo
do estudo "Estratégias Ambientais Integradas", financiado pela
EPA (agência ambiental norte-americana) e aplicado também
nas regiões metropolitanas de
Buenos Aires, Cidade do México,
Santiago (Chile), entre outras.
No Brasil, a pesquisa teve a participação da Cetesb (agência ambiental paulista), da Faculdade de
Medicina e do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP e do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada). A coordenação foi do
Laboratório Nacional de Energias
Renováveis dos Estados Unidos.
Os resultados foram apresentados ontem, num seminário que
integra a Iniciativa Ar Limpo, do
Banco Mundial. Mostrar o peso
no "bolso" da falta de políticas de
controle de poluição foi a maneira
encontrada para sensibilizar o poder público para a questão, afirma
Flavio Cotrim Pinheiro, que liderou o grupo de pesquisadores.
"E as estimativas de custo são
conservadoras porque se restringem à rede pública e aos efeitos
agudos [imediatos] da poluição",
diz Alfésio Braga, pesquisador do
Laboratório de Poluição Atmosférica da USP. Não levam em conta, por falta de estudos científicos
nacionais que sirvam de base, as
conseqüências a longo prazo da
exposição diária ao ar poluído.
O estudo fez projeções para
2020 dos efeitos de políticas públicas na redução das emissões de
poluentes e de CO2, um dos principais gases que causam o efeito
estufa. O programa isolado com a
melhor relação entre custo e benefício é a inspeção veicular, que
verifica se as emissões dos carros
estão dentro dos limites.
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