São Paulo, domingo, 13 de julho de 2008

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Promotoria pedirá quebra de sigilo de acusados de extorsão

Objetivo é saber para onde ia dinheiro exigido de camelôs por proteção contra fiscais

Grupos usavam estrutura da Subprefeitura da Mooca para extorquir mais de R$ 1 milhão por mês de camelôs; 11 foram presos e dois estão foragidos


KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério Público e a Polícia Civil vão pedir à Justiça, a partir de amanhã, a quebra do sigilo bancário das 11 pessoas presas anteontem sob a acusação de integrar duas quadrilhas que usavam a infra-estrutura da Subprefeitura da Mooca para extorquir mais de R$ 1 milhão por mês de camelôs da zona leste de São Paulo.
"Precisamos saber para onde ia esse dinheiro todo", afirmou ontem o promotor José Carlos Blat, responsável pelo caso que apura o envolvimento de cinco funcionários da subprefeitura, cinco ambulantes e um advogado no esquema de extorsão mediante o pagamento de propina.
Outros dois camelôs continuam foragidos. Segundo Blat, os vendedores presos confessaram em seus depoimentos à polícia que faziam o "recolhe" do dinheiro dos ambulantes irregulares aos líderes dos grupos.
De acordo com a investigação, que começou há três meses e foi baseada em denúncias e interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça, em troca, as quadrilhas davam informações antecipadas sobre a fiscalização e proteção aos vendedores ambulantes. Quem não pagasse de R$ 30 a R$ 1.000 por semana tinha a mercadoria apreendida pelos fiscais.
A primeira quadrilha é suspeita de arrecadar R$ 500 mil cobrando propina para permitir que vendedores de comida trabalhassem no Brás, na Mooca no e Tatuapé. Os chefes do grupo, segundo a polícia, são os irmãos Georges Marcelo e Felipe Eivazian, respectivamente assistente técnico da Coordenadoria de Planejamento e Desenvolvimento Urbano e chefe dos fiscais, ambos alocados na Subprefeitura da Mooca.
Segundo o delegado Luís Storni, do 91º Distrito Policial, na zona oeste, o segundo grupo arrecadava R$ 560 mil mensais. Seu chefe, aponta a polícia, é Edson Alves Mosqueira, agente de apoio e fiscalização da subprefeitura.

Reforço
Ontem, um dia depois das prisões, a Prefeitura de São Paulo anunciou uma ofensiva da Guarda Civil Metropolitana contra o comércio irregular nas vias da cidade.
A reação terá como foco ampliar os poderes de fiscalização da GCM. A primeira iniciativa, prevista para começar nesta semana, será aumentar o número de guardas no Brás (região central), na Mooca e no Tatuapé (ambos na zona leste) -áreas onde atuavam as quadrilhas, segundo a polícia.
"Onde for preciso, vamos deslocar efetivo de outras atividades", disse o coordenador municipal de Segurança Urbana, Edsom Ortega. A segunda iniciativa, prevista para este mês, será a repressão do comércio ambulante irregular por guardas civis sem a necessidade de acompanhamento de fiscais da prefeitura.
Atualmente, isso só é feito na Subprefeitura da Sé (região central). Um decreto do prefeito Gilberto Kassab (DEM) deverá ampliar essa prerrogativa da GCM para outras regiões. "Nessas áreas, o enfrentamento com os ambulantes irregulares é maior. É o caso da Mooca, do Largo 13 [na região de Santo Amaro], e da rua 12 de Outubro [na Lapa]. Também não vamos permitir nenhum ambulante nos portões do parque do Ibirapuera [em Moema]", afirmou.


Colaborou JORGE SOUFEN JR , do "Agora"


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