São Paulo, terça-feira, 13 de julho de 2010

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Ex-policial suspeito de matar Eliza é investigado em duplo homicídio

RODRIGO VIZEU
DE BELO HORIZONTE
HUDSON CORRÊA
ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE

O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, suspeito de matar Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno Fernandes, é investigado por outro homicídio no sítio do qual é locatário em Esmeraldas (Grande BH).
Segundo as investigações, dois homens foram mortos ali em maio de 2008. Bola e três policiais do GRE (Grupo de Respostas Especiais), tropa de elite da Polícia Civil de Minas que acabou extinta em 2009, abordaram dois homens em suposta atividade suspeita na região do sítio e os interrogaram.
Conforme o depoimento que originou a apuração, foram torturados por cães rottweillers de Bola e mortos; seus corpos foram queimados e os restos e as cinzas, espalhados no sítio. Em depoimento, Bola e os policiais negaram participação no crime. O advogado Zanone Oliveira, defensor do ex-policial, afirmou que ele é inocente tanto da morte dos homens quanto da de Eliza.

EX-COORDENADOR
O autor do depoimento é o inspetor Júlio Monteiro, coordenador do GRE entre 2007 e 2009. Duas testemunhas, vizinhas do sítio, também afirmaram ter visto a dupla sendo abordada.
Monteiro afirmou ter ouvido o relato dos policiais e de Bola no fim de 2008, mas só revelou tudo à corregedoria da polícia em 2009. Ele atribuiu a demora à necessidade de juntar mais informações.
O inquérito está parado na corregedoria e é acompanhado desde novembro de 2009 pelo Ministério Público.
O ex-chefe fez a denúncia durante conflito interno no GRE. Monteiro é investigado por mau uso de verba pública. Ele nega as acusações. Disse acreditar que o grupo tenha lhe revelado o crime para assustá-lo.

TREINAMENTO
O GRE treinou no sítio de Bola de meados 2007 até o fim de 2008, disse Monteiro.
Bola se apresentava como policial e andava armado.
O ex-chefe do GRE disse que assim que soube que Bola não era mais policial, e depois de ouvir o relato de assassinato no sítio, determinou que a unidade parasse de treinar no local.
Bola foi policial por pouco mais de um ano, entre 1991 e 1992. Foi excluído no estágio probatório por indisciplina e falta de idoneidade moral.
Em São Paulo, Bola foi aprovado no concurso para soldado, mas reprovado na fase de investigação social, em março de 1988 -quando são checados dados como antecedentes criminais. O motivo não foi divulgado por ser uma informação sigilosa.


Colaborou AFONSO BENITES de São Paulo


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