São Paulo, terça-feira, 13 de julho de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SURAIA TABACHE RACY (1921-2010)

Os pratos especiais de Suraia

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Para dar tempo de preparar os pratos favoritos de cada um, Suraia Tabache Racy costumava ir para a cozinha três dias antes de a família se sentar à mesa. As comidas que fazia eram um sucesso, e tinha até neto que pedia de aniversário um quitute seu.
Filha de sírios, Suraia nasceu em São Paulo. Perdeu o pai cedo, com apenas seis anos, e foi criada pela mãe, que se viu viúva aos 25.
Antes do casamento, nos anos 40, trabalhou como secretária. Em 1946, uniu-se a Ford Feris Racy, dono de uma papelaria e, tempos depois, de uma gráfica. Foi cuidar da família, que acabaria formada por cinco filhos, 11 netos e sete bisnetos.
A casa, com mesa de pingue-pongue e sinuca, vivia cheia. Suraia adorava reunir os familiares e organizar festas e torneios de tranca.
Era uma mulher vaidosa, conta a filha Diana. Ao acordar, uma das primeiras coisas que fazia era passar batom. Andava sempre perfumada e bem arrumada.
Nos últimos tempos, vivendo num flat voltado para a terceira idade, foi eleita a mais chique do local.
Muito agitada, dirigia para baixo e para cima levando os filhos e nunca conseguia dizer "não" aos pedidos deles.
Gostava de fazer tricô, e quando alguma malha apresentava defeito, desmanchava-a inteira para refazê-la.
Há seis anos, sofreu um acidente de carro e passou a ter complicações de saúde. Morreu na terça, aos 89, de problemas pulmonares.
Há algum tempo, a família tenta fazer esfihas seguindo sua receita. Até agora, nenhuma ficou tão boa quanto a de Suraia, conta a filha.

coluna.obituario@uol.com.br


Texto Anterior: Mortes
Próximo Texto: Governo federal retoma estradas no RS
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.