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SURAIA TABACHE RACY (1921-2010)
Os pratos especiais de Suraia
ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO
Para dar tempo de preparar os pratos favoritos de cada um, Suraia Tabache Racy
costumava ir para a cozinha
três dias antes de a família se
sentar à mesa. As comidas
que fazia eram um sucesso, e
tinha até neto que pedia de
aniversário um quitute seu.
Filha de sírios, Suraia nasceu em São Paulo. Perdeu o
pai cedo, com apenas seis
anos, e foi criada pela mãe,
que se viu viúva aos 25.
Antes do casamento, nos
anos 40, trabalhou como secretária. Em 1946, uniu-se a
Ford Feris Racy, dono de
uma papelaria e, tempos depois, de uma gráfica. Foi cuidar da família, que acabaria
formada por cinco filhos, 11
netos e sete bisnetos.
A casa, com mesa de pingue-pongue e sinuca, vivia
cheia. Suraia adorava reunir
os familiares e organizar festas e torneios de tranca.
Era uma mulher vaidosa,
conta a filha Diana. Ao acordar, uma das primeiras coisas que fazia era passar batom. Andava sempre perfumada e bem arrumada.
Nos últimos tempos, vivendo num flat voltado para
a terceira idade, foi eleita a
mais chique do local.
Muito agitada, dirigia para
baixo e para cima levando os
filhos e nunca conseguia dizer "não" aos pedidos deles.
Gostava de fazer tricô, e
quando alguma malha apresentava defeito, desmanchava-a inteira para refazê-la.
Há seis anos, sofreu um
acidente de carro e passou a
ter complicações de saúde.
Morreu na terça, aos 89, de
problemas pulmonares.
Há algum tempo, a família
tenta fazer esfihas seguindo
sua receita. Até agora, nenhuma ficou tão boa quanto
a de Suraia, conta a filha.
coluna.obituario@uol.com.br
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