São Paulo, quarta-feira, 13 de julho de 2011

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Lanzmann rebate críticas feitas na Flip

"É meu jeito de ser", diz cineasta e ensaísta francês, em SP para um debate, ao comentar sua atitude em Paraty

Escritor diz que "deveria ter quebrado a cara" do curador da festa literária, que disse que sua atitude foi "nazista"


GABRIELA LONGMAN
DE SÃO PAULO

"Você acha que eu fui brutal?", perguntou Claude Lanzmann ontem à tarde. "Não fui brutal, é o meu jeito vivo de ser."
Após participar da 9ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty, o cineasta e ensaísta francês veio a São Paulo para um debate no Centro da Cultura Judaica ontem à noite.
Gripado e mostrando abatimento ele pediu para receber a Folha no hotel em que está hospedado, a fim de comentar sua atitude, considerada ríspida, durante o evento em Paraty.
"Em Paraty, houve um incidente. Eu não estava lá, mas fui chamado de nazista, por um homem que aliás já nem me lembro quem é. Se eu estivesse lá teria quebrado a cara dele", defendeu-se.
O escritor se referia a acontecimentos de domingo, último dia da Flip, quando o curador do evento, Manuel da Costa Pinto, criticou a forma como o francês tratou o mediador de sua conferência, Márcio Seligmann-Silva, equiparando sua recusa ao debate a uma "coisa nazista".
Lanzmann lembrou que é o autor de "Shoah" e de outros filmes sobre a questão judaica, além de ter escrito "A Lebre da Patagônia", livro de memórias que está sendo lançado agora no Brasil.
"Eu lutei contra os nazistas, eu matei nazistas. Me tratar de nazista é vergonhoso. Simplesmente porque eu recusei a responder uma questão do moderador."

VAIDADES
Para Lanzmann, Seligmann-Silva saiu-se "muito mal" como mediador.
"Ele não me interrogou. Ele me fez essa pergunta [citando o historiador da arte Georges Didi-Huberman], para mostrar como ele estava bem informado. Eu estava falando com o público, ele não. Ele estava cheio de vaidade."
Acrescentou que para responder à questão supracitada teria precisado de duas ou três horas. "Não era o caso."
"O mediador quer sempre parecer mais inteligente do que a pessoa interrogada. Não é a primeira vez. Isso já me aconteceu antes na América Latina."
Segundo Lanzmann, tanto seu livro quanto seu filme "Shoah", poderiam ter sido mais bem debatidos, não só pelo mediador quanto pelos jornalistas presentes à coletiva de imprensa de que participou em Paraty.
Seligmann-Silva deveria mediar o debate de ontem à noite. Desconfortável com a situação, foi substituído pela jornalista Alessandra Pascaud. O francês falou por 45 minutos nos quais, apesar de doente, mostrou-se bem-humorado diante de um público que não o provocou.


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