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ENGENHARIA DO CRIME
Dez bilhetes aéreos foram comprados, com notas de R$ 50; polícia acha casa que pode ter sido usada pelo grupo
Passagens reforçam elo de quadrilha com SP
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
VICTOR RAMOS
ENVIADO ESPECIAL A FORTALEZA
A Polícia Federal identificou ontem uma casa que pode ter sido
usada pelos ladrões da caixa-forte
do Banco Central de Fortaleza para "rechear" veículos com parte
do dinheiro furtado, R$ 164,8 milhões em notas de R$ 50, no final
de semana passado. Também ampliou as investigações sobre uma
possível conexão com São Paulo,
já que existe a possibilidade de o
grupo ter viajado para a cidade logo depois do crime.
Dez passagens aéreas foram
compradas à vista e com notas de
R$ 50 no balcão da empresa aérea
TAM, no aeroporto de Fortaleza,
às 8h do sábado, dia 6, para o embarque às 14h. A venda das passagens foi confirmada pela TAM.
No começo da tarde de ontem, a
Polícia Militar de São Paulo
apreendeu um Mitsubishi, abandonado na zona leste da cidade. O
carro é parecido com os outros
comprados pela quadrilha e passará por uma perícia. De acordo
com a PM, existem indícios de
que a picape possa ter sido usada
pela quadrilha na cidade.
A casa localizada ontem pertence, segundo a PF, a uma das pessoas presas até agora, o empresário José Charles Machado de Moraes, dono da transportadora JE
Transporte. Ele foi preso na quarta-feira, em Minas, quando levava
para São Paulo, em um caminhão-cegonha, 11 veículos. Em
pelo menos três deles a PF já encontrou quase R$ 5 milhões.
A casa, grande e com piscina, fica num bairro periférico de Fortaleza, mas onde há outras casas de
luxo. A PF conseguiu à tarde um
mandado de busca e apreensão.
Dentro da casa, foi encontrado
um carro, um Ford EcoSport preto de placas HXF 1361, que está
em nome da empresa JE Transporte. A própria casa, segundo o
delegado Wagner Sales, também
é de Moraes. A defesa dele nega
(leia texto nesta página).
Apesar disso, ele não morava no
local, apenas visitava a casa com
freqüência, segundo a polícia. Os
moradores até o último sábado
seriam um casal, que não foi mais
visto pelos vizinhos desde então.
O dia do sumiço coincide com o
furto ao Banco Central.
Testemunhas afirmam que, até
dez dias atrás, havia uma placa de
vende-se em frente à casa e pouco
movimento dos moradores. Depois disso, a placa foi retirada, e o
casal voltou a ser visto, até o último sábado, quando, à noite, entre
19h30 e 20h, houve um entra-e-sai
de veículos importados da casa.
De acordo com a Polícia Federal, o furto à caixa-forte do Banco
Central, por meio de um túnel de
80 metros cavado de uma casa
próxima à sede do banco, começou na sexta-feira à noite e terminou no sábado, até, no máximo, o
meio-dia.
"Estranhei a movimentação,
eram uns dez carros grandes, mas
achei que podia ser alguma festa
de despedida, porque o casal dizia
que ia se mudar", disse uma testemunha, que não se identificou.
Documentação
No final da noite de anteontem,
a PF apreendeu documentos e um
computador na sede da Brilhe
Car, revendedora de veículos onde a quadrilha teria comprado
nove carros e um caminhão-cegonha sem a carroceria, por R$ 980
mil, em cédulas de R$ 50, as mesmas levadas do Banco Central.
Os donos da empresa, José Elizomartes Fernandes e Dermerval
Fernandes, tiveram a prisão temporária decretada. A compra dos
veículos foi feita por Moraes, alega a defesa dos donos da revenda.
Colaborou ALEXANDRE HISAYASU, da
Reportagem Local
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