São Paulo, domingo, 13 de agosto de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governo federal avalia saúde por telefone

Pesquisa piloto feita em São Paulo revelou que o número de fumantes caiu e o de obesos aumentou entre 2003 e 2005

Ministério da Saúde quer identificar os principais fatores de risco de doenças crônicas não-transmissíveis, como diabetes e colesterol

FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Se alguém ligar na sua casa e perguntar quantas vezes por semana você come fruta ou salada, se você bebe, fuma ou pratica alguma atividade física, não se assuste. Não se trata de nenhuma empresa querendo vender algum plano de saúde para a sua família. É o Ministério da Saúde que quer conhecer os hábitos da população por meio de ligações telefônicas.
A iniciativa, lançada oficialmente pelo ministro da Saúde, Agenor Álvares, no dia 1º, recebeu o nome de Sistema de Vigilância de Fatores de Risco para Doenças Crônicas não Transmissíveis (como diabetes, colesterol e hipertensão).
Com isso, o governo pretende identificar quais são os principais fatores de risco presentes na população brasileira, onde eles estão localizados e quais serão as medidas de saúde pública a serem tomadas.
A idéia surgiu depois de uma iniciativa da USP (Universidade de São Paulo), que montou um projeto piloto em cinco capitais: São Paulo, Salvador, Belém, Goiânia e Florianópolis. Segundo o professor Carlos Augusto Monteiro, do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde, 2.000 pessoas de cada cidade foram entrevistadas.
Para consultar toda a população brasileira, o governo federal contratou uma empresa mineira que vai usar um software chamado Vigitel e investiu R$ 1,3 milhão no projeto.
"O objetivo é fazer 54 mil ligações telefônicas até o final de novembro, quando os dados começarão a ser computados. Todas as capitais serão ouvidas no inquérito, sendo 2.000 pessoas em cada uma delas", explicou Débora Carvalho Malta, da coordenação geral de doenças e agravos não-transmissíveis do Ministério da Saúde.
As operadoras de telefonia fixa forneceram os dados das listas telefônica para o Ministério da Saúde, que sorteou as amostras da população que serão consultadas. As ligações começaram na quarta-feira.
Sessenta pessoas se revezarão para fazer o contato telefônico com as famílias. Telefones comerciais serão descartados. Se a pessoa aceitar fazer parte da pesquisa, 89 perguntas serão feitas a respeito de hábitos de alimentação e de exercícios. As questões foram elaboradas pelos profissionais da USP.
"A pesquisa por telefone não demora mais do que oito minutos porque as perguntas são breves e simples", disse.

Pesquisa
Na pesquisa piloto feita em São Paulo revelou que o número de fumantes caiu de 20,8% em 2003 para 18% em 2005. Já o número de pessoas com excesso de peso aumentou de 40,8% para 43,2%. Aliado a isso, está o fato de subir o índice dos que dizem não consumir freqüentemente frutas e hortaliças -de 24,3% para 26,2%.
Ao comparar os municípios, o resultado é que em Florianópolis aparece o maior índice de fumantes. O menor está em Salvador. A posição se inverte quando a questão é o consumo não-freqüente de legumes, verduras e frutas.


Texto Anterior: Notívago de SP adota o "quanto mais trash melhor"
Próximo Texto: Em tese de doutorado, suíço analisa "bricolagem" dos moradores de rua
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.