São Paulo, domingo, 13 de agosto de 2006 |
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Chapéu é marca da saudade para modelo em Nova York DA REVISTA DA FOLHA
"O Sol nem havia raiado, e
um cheiro gostoso de café tomava conta do ar. Eu não sabia
se era dia ou noite, só que era
hora de acordar, quando minha
avô materna, Amara, 67, sintonizava, religiosamente, o rádio.
Eu ficava na cama, ouvindo a
voz do meu pai e imaginando
que ela percorria as casas de
Cabo de Santo Agostinho, em
Pernambuco, onde nasci.
Painho sempre foi apaixonado pelo rádio. Há sete anos, ele
abriu uma rádio comunitária, a
Calheta FM, mas mesmo assim
continuou a trabalhar como locutor. Pela manhã, apresentava
o programa "Forró do Velho Batata", com bandas e debates sobre problemas da comunidade.
No estúdio, ele colocava um
chapéu de couro na cabeça e incorporava um personagem, o
Velho Batata. Mudava até a voz.
Painho começou a se despedir de seu personagem aos poucos, dois anos atrás, na mesma
época em que minha carreira
engatava em São Paulo. Desde
então, virou só dono de rádio.
No ano passado, quando me
mudei para Nova York, ele me
deu o chapéu de presente, para
que me acompanhasse na minha nova vida, longe de casa.
Em Manhattan, eu não acordo
mais ao som do rádio, mas sempre ouço o Velho Batata quando vejo o chapéu de Ely."
EMANUELA DE PAULA , 17, é modelo, fez campanhas de marcas como Gap e DKNY, e é filha do radialista Ely de Paula, 42. Texto Anterior: Tela retrata o "avesso" de Antonio Candido Próximo Texto: Divã usado em peça teatral marca etapa da vida profissional da filha de Raul Cortez Índice |
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