São Paulo, domingo, 13 de agosto de 2006 |
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Divã usado em peça teatral marca etapa da vida profissional da filha de Raul Cortez DA REVISTA DA FOLHA
"Foi em 1997, no espetáculo
"Cheque ou Mate", de Ricardo
Semler, que eu subi ao palco da
sala São Luiz para atuar pela
primeira vez ao lado do meu
pai. Ele era o protagonista, Alberto Marcondes, empresário
que sonhava em vender sua fábrica e mudar-se para Paris; eu
interpretava sua filha, Berta.
Ele achava que essa peça tinha alguma coisa de Abílio Pereira de Almeida (1906-1977),
dramaturgo, ator, diretor, produtor, um dos principais realizadores do TBC (Teatro Brasileiro de Comédia), e marcava o
início de uma parceria entre
nós. Eu já havia trabalhado
com ele na assistência de direção em "Ah!mérica", peça de 85.
"Cheque ou Mate" era uma
peça mais realista, de móveis
convencionais. E tinha um divã. Eu adorava ficar ali, sentada, fazendo aquecimento de
voz. Desde os ensaios, eu sempre quis muito ter aquele divã.
Até porque, eu amo um divã,
faço análise há dez anos. No último mês de temporada, eu
disse a mim mesma: "Quero esse divã. Vou comprar com o
meu último salário". E comprei.
Quando contei minha decisão a meu pai, ele ficou olhando para o divã, pensativo. Talvez ele também o quisesse,
mas eu havia dito primeiro...
Esse divã marca uma etapa
da minha vida, o início do percurso no qual eu e meu pai fomos construindo nossa relação. Depois, em 2000, nós fizemos um projeto muito bonito,
que foi "Rei Lear", de William
Shakespeare, espetáculo em
que ele fazia o velho rei que decidia dividir seu reino entre as
três filhas. Eu era uma delas.
Coloquei o divã na minha biblioteca. Ele já foi marrom, de
veludo vermelho, de veludo
verde e hoje é branco. Quando
foi fazer a novela "Esperança"
(2002/2003), seu personagem, Genaro, tocava piano, e
meu pai passou a tomar aulas
na minha casa, com a professora das minhas filhas. Ele chegava e esperava Vitória, hoje
com 20 anos, acabar a aula, para então fazer a dele. Enquanto
isso, ficava ali, deitadinho no
divã."
LÍGIA CORTEZ , 45, atriz, diretora do Teatro-Escola Célia Helena, fundado pela atriz Célia Helena (1937-1997), sua mãe, e da Casa de Teatro, é filha do ator Raul Cortez (1932-2006) Texto Anterior: Chapéu é marca da saudade para modelo em Nova York Próximo Texto: Seqüestrados repórter e técnico da Globo Índice |
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