São Paulo, segunda-feira, 13 de agosto de 2007

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71% reprovam trânsito de São Paulo

Pesquisa Datafolha aponta que 51% dos moradores também criticam o sistema de transporte coletivo da cidade

Levantamento mostra que morador não vê a criação de pedágios urbanos como uma boa alternativa para melhorar o trânsito de SP

EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O paulistano reprova o trânsito e o transporte coletivo da cidade e aprova o rodízio de veículos. A constatação é da mais recente pesquisa do instituto Datafolha, que aponta ainda que o morador não vê a criação de pedágios urbanos como alternativa para melhorar o trânsito de São Paulo.
O levantamento mostra que 71% dos moradores avaliam o trânsito da capital como ruim ou péssimo contra apenas 8% que julgam ser ótimo ou bom e 20% que dizem ser regular.
Já o sistema de transporte coletivo chegou à sua pior avaliação: 51% de rejeição e 22% de aprovação. O pior índice anterior, conforme o Datafolha, tinha sido em fevereiro de 2000, ainda na gestão Celso Pitta (PTB), quando 44% dos paulistanos julgavam o transporte da capital ruim ou péssimo.
A pesquisa foi feita com 1.091 paulistanos na quinta-feira da semana passada. A margem de erro do levantamento é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

Rodízio
O levantamento apontou que 80% dos moradores da cidade são a favor do rodízio, que impede que cada carro circule uma vez por semana no chamado centro expandido. Outros 15% são contra o rodízio, 4% são indiferentes e 1% não soube responder.
Questionados sobre as alternativas para melhorar o trânsito, 33% dos paulistanos dizem preferir a construção de mais linhas de metrô. Em seguida vêm: aumento no número de ônibus (21%), construção de mais corredores de ônibus (16%) e melhoria na qualidade desses veículos (16%).
No total, 86% das respostas sugerem melhoria no sistema de transporte coletivo como saída para melhorar o trânsito.
Ampliar a restrição do rodízio de veículos para dois dias por semana é a melhor alternativa para 9% dos entrevistados. A instalação de pedágios urbanos só é aprovada por 2%.
O rodízio existe desde 1997 em São Paulo. Foi implantado para diminuir os índices de congestionamento. No ano anterior, a cidade atingiu a marca histórica de 242 km de lentidão, recorde mantido até hoje.
O debate sobre a validade do rodízio voltou no mês passado quando o prefeito Gilberto Kassab (DEM) decidiu fazer "testes" para saber se era possível suspendê-lo durante as férias escolares de julho.
Desde a sua criação, o rodízio havia sido suspenso apenas uma vez em julho por causa das férias escolares. Aquela experiência apontou que o número de veículos que deixam a cidade no período não justifica a liberação total da circulação, como acontece nas férias de janeiro.
Após o teste do mês passado, Kassab acabou admitindo que a cidade não pode mais viver sem o rodízio. Foi o suficiente para que voltassem à pauta as propostas para a melhoria do trânsito de São Paulo. Os especialistas são unânimes em afirmar que a prioridade deve ser para o transporte coletivo: mais metrô, mais e melhores ônibus e mais corredores de ônibus.

Greve
A pesquisa Datafolha foi realizada menos de uma semana depois de uma greve de dois dias dos metroviários que parou a maior parte das linhas de metrô, abarrotou ônibus e trens e prejudicou o trânsito.
Além disso, motoristas e cobradores de parte da zona leste também fizeram greve. Tudo num momento de volta às aulas, período em que o trânsito normalmente registra mais índices de lentidão.
Esses fatores podem ter influenciado a opinião do morador, de acordo com o Datafolha. Apenas isso, no entanto, não explicaria o enorme crescimento da rejeição do sistema de transporte coletivo, que nunca esteve tão mal avaliado.
O Datafolha explica que a percepção do paulistano de melhora no sistema de transporte coletivo da cidade vinha sendo detectada desde fevereiro de 2002, na gestão de Marta Suplicy (PT), quando a taxa de aprovação do serviço superou, pela primeira vez, a taxa de reprovação -32% a 28%.


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