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71% reprovam trânsito de São Paulo
Pesquisa Datafolha aponta que 51% dos moradores também criticam o sistema de transporte coletivo da cidade
Levantamento mostra que morador não vê a criação de pedágios urbanos como uma boa alternativa para melhorar o trânsito de SP
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O paulistano reprova o trânsito e o transporte coletivo da
cidade e aprova o rodízio de
veículos. A constatação é da
mais recente pesquisa do instituto Datafolha, que aponta ainda que o morador não vê a criação de pedágios urbanos como
alternativa para melhorar o
trânsito de São Paulo.
O levantamento mostra que
71% dos moradores avaliam o
trânsito da capital como ruim
ou péssimo contra apenas 8%
que julgam ser ótimo ou bom e
20% que dizem ser regular.
Já o sistema de transporte
coletivo chegou à sua pior avaliação: 51% de rejeição e 22% de
aprovação. O pior índice anterior, conforme o Datafolha, tinha sido em fevereiro de 2000,
ainda na gestão Celso Pitta
(PTB), quando 44% dos paulistanos julgavam o transporte da
capital ruim ou péssimo.
A pesquisa foi feita com 1.091
paulistanos na quinta-feira da
semana passada. A margem de
erro do levantamento é de três
pontos percentuais para mais
ou para menos.
Rodízio
O levantamento apontou que
80% dos moradores da cidade
são a favor do rodízio, que impede que cada carro circule
uma vez por semana no chamado centro expandido. Outros
15% são contra o rodízio, 4%
são indiferentes e 1% não soube
responder.
Questionados sobre as alternativas para melhorar o trânsito, 33% dos paulistanos dizem
preferir a construção de mais
linhas de metrô. Em seguida
vêm: aumento no número de
ônibus (21%), construção de
mais corredores de ônibus
(16%) e melhoria na qualidade
desses veículos (16%).
No total, 86% das respostas
sugerem melhoria no sistema
de transporte coletivo como
saída para melhorar o trânsito.
Ampliar a restrição do rodízio de veículos para dois dias
por semana é a melhor alternativa para 9% dos entrevistados.
A instalação de pedágios urbanos só é aprovada por 2%.
O rodízio existe desde 1997
em São Paulo. Foi implantado
para diminuir os índices de
congestionamento. No ano anterior, a cidade atingiu a marca
histórica de 242 km de lentidão, recorde mantido até hoje.
O debate sobre a validade do
rodízio voltou no mês passado
quando o prefeito Gilberto
Kassab (DEM) decidiu fazer
"testes" para saber se era possível suspendê-lo durante as férias escolares de julho.
Desde a sua criação, o rodízio
havia sido suspenso apenas
uma vez em julho por causa das
férias escolares. Aquela experiência apontou que o número
de veículos que deixam a cidade
no período não justifica a liberação total da circulação, como
acontece nas férias de janeiro.
Após o teste do mês passado,
Kassab acabou admitindo que a
cidade não pode mais viver sem
o rodízio. Foi o suficiente para
que voltassem à pauta as propostas para a melhoria do trânsito de São Paulo. Os especialistas são unânimes em afirmar
que a prioridade deve ser para o
transporte coletivo: mais metrô, mais e melhores ônibus e
mais corredores de ônibus.
Greve
A pesquisa Datafolha foi realizada menos de uma semana
depois de uma greve de dois
dias dos metroviários que parou a maior parte das linhas de
metrô, abarrotou ônibus e
trens e prejudicou o trânsito.
Além disso, motoristas e cobradores de parte da zona leste
também fizeram greve. Tudo
num momento de volta às aulas, período em que o trânsito
normalmente registra mais índices de lentidão.
Esses fatores podem ter influenciado a opinião do morador, de acordo com o Datafolha.
Apenas isso, no entanto, não
explicaria o enorme crescimento da rejeição do sistema
de transporte coletivo, que
nunca esteve tão mal avaliado.
O Datafolha explica que a
percepção do paulistano de
melhora no sistema de transporte coletivo da cidade vinha
sendo detectada desde fevereiro de 2002, na gestão de Marta
Suplicy (PT), quando a taxa de
aprovação do serviço superou,
pela primeira vez, a taxa de reprovação -32% a 28%.
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