São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Grupo usa granada e fuzil para roubar banco

Ao menos quatro criminosos trocaram tiros com PMs; um suspeito morreu e três policiais e um cliente ficaram feridos

Quadrilha não conseguiu levar nada da agência do banco Santander na Penha; ninguém havia sido preso até as 23h30 de ontem

Mastrângelo Reino/Folha Imagem
Agência que foi alvo de tentativa de assalto ontem na Penha

KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma tentativa frustrada de assalto ao banco Santander, na Penha (zona leste de SP), terminou ontem pela manhã com um suspeito morto -não identificado- e quatro pessoas feridas -três policiais militares e um cliente- após explosões de granadas e intensa troca de tiros entre criminosos e PMs.
Pelo menos quatro homens -dois deles dentro do banco e o restante fora, dentro de carros, segundo a polícia- usaram fuzis e metralhadoras contra a Polícia Militar e explodiram duas granadas -uma na agência, na avenida Amador Bueno da Veiga, e a outra na rua João Jorge Ribeiro. Um suspeito foi morto perto do banco e outros três fugiram em dois veículos.
O cliente Rafael Gatti Neto, 39, teve o olho direito machucado por estilhaços dos vidros do banco, mas não corre o risco de ficar cego. "Na hora não sabia onde me esconder", disse Gatti Neto, que estava dentro do setor de auto-atendimento.
O soldado Eliseu Lira levou um tiro de fuzil no braço esquerdo e os outros dois PMs foram atingidos por fragmentos das granadas dos criminosos.
Nada foi levado -ninguém havia sido preso até as 23h30 de ontem. Imagens do circuito interno do banco serão usadas para ajudar na identificação.
Mais de 70 disparos foram feitos durante dez minutos, segundo testemunhas. O tiroteio e as explosões começaram após a chegada da PM à frente do banco e causaram pânico em comerciantes, passageiros de ônibus, motoristas que passavam pela avenida da agência.
Ao menos cinco imóveis -uma auto-escola, uma doceria, uma loja, uma construção e um restaurante- mais um orelhão foram crivados por balas.
O carro de um universitário que tentava escapar do fogo cruzado foi atingido -a bala perfurou a porta do motorista e se alojou sob o banco. "Por um palmo não morri com tiro de fuzil", disse Márcio Bico, 29.
"Parecia uma guerra, com bombas explodindo. Chorei de medo", disse a funcionária pública Maria dos Santos, 43. "Agora é preciso armar melhor a Polícia Militar. Não dá para dar arminha [pistola .40] enquanto bandidos têm granada e fuzil. É por isso que a polícia é intimidada", afirmou.
Segundo a PM, a ação dos bandidos começou às 8h45. Dois homens armados renderam a gerente e um funcionário do banco quando eles se preparavam para entrar. Não havia vigias no momento. A agência abre às 10h. Antes, o serviço de pronto atendimento, onde estão os caixas eletrônicos, já operavam -dois clientes estavam ali durante a troca de tiros.
Richard Serrano, delegado-assistente do 10º Distrito Policial, na Penha, disse que os criminosos levaram uma granada e uma foto da casa da gerente para obrigá-la a abrir a porta.
Eles pretendiam roubar o dinheiro do cofre. Para abrir a porta do cofre, mais duas chaves, além da que estava com a gerente, eram necessárias. A idéia dos criminosos, conta o delegado, era esperar a chegada de mais dois gerentes.
"Mas, em vez de desativar o alarme, a gerente ligou o alerta de pânico e acionou a PM, que chegou 15 minutos depois", afirmou Serrano. "Quando viu a PM, um dos dois bandidos que estavam dentro do banco gritou pelo rádio comunicador para o grupo "detonar"."
O Santander informou que não comentaria o assunto para não atrapalhar a investigação.


Texto Anterior: Foco: Justiça de SP permite que jovem tatuado continue a disputar uma vaga na PM
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.