São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 2008

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Justiça de SP permite que jovem tatuado continue a disputar uma vaga na PM

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

"Se Deus quiser", L.S.B., 25, vai ser policial militar. Ao menos, é o que ele diz. Candidato a soldado da PM excluído de um concurso por ter tatuagem, ele conseguiu, no último dia 5, uma liminar que garante participação nas próximas etapas da seleção -mesmo ostentando um pégaso (cavalo alado da mitologia grega) verde-azulado nas costas.
"Ele só recebeu a cartinha dizendo: "O senhor foi considerado inapto no concurso'", diz o defensor público Luiz Rascovski, que teve o pedido de liminar deferido pela 5ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo. Agora, L.S.B. fará os últimos testes (psicológico, investigação social e análise de títulos). Se aprovado, entra para o curso, aspirando a um salário inicial de R$ 2.000.
L.S.B. já fez provas de escolaridade e de condicionamento físico e foi aprovado, segundo a Defensoria Pública. Mas, na terceira etapa, passou em 12 dos 13 exames médicos. Foi reprovado na avaliação de pele, por conta do desenho.
"Minha tatuagem não aparece nem de regata", afirma L.S.B, que não viu problemas ao ler o edital, que diz que "os candidatos que ostentarem tatuagem serão submetidos à avaliação"; que o desenho "não poderá atentar contra a moral e os bons costumes"; e que "deverá ser de pequenas dimensões", sem cobrir "regiões ou membros do corpo em sua totalidade" ou estar "em regiões visíveis quando da utilização de uniforme de treinamento físico".
Para Rascovski, todas as cláusulas foram obedecidas. "A tatuagem do candidato não afronta a moral e os bons costumes e localiza-se na parte posterior do ombro, não interferindo de nenhuma forma na sua atuação como membro da polícia."
A PM diz seguir "o que está no edital do concurso".
Para L.S.B, ser PM era "um sonho", antigo como a marca que tentou esconder. "Tenho uma mancha de nascença e fiz a tatuagem para cobri-la", afirma. Mas não deu certo. "A tatuagem ficou mais escura e a mancha também." E ele acabou reprovado no concurso.
"Preparei-me por um ano e meio, consegui bolsa em cursinho, aí o médico vê de longe e dá um parecer: eliminado", diz L.S.B, agora mais confiante. "É minha opção e vai dar certo. Se Deus quiser."


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