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Violência não subiu na Lapa, diz Soninha, 2 vezes assaltada
Subprefeita da região deu R$ 35 para que criminoso não levasse seu celular
"O tipo de delito aqui é recorrente. De dia, quando há mais fluxo de pessoas,
há mais furtos; à noite,
eles assaltam", afirma
PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Assaltada às 19h30 da última
segunda-feira na Caio Graco,
mesma rua da Lapa em que
furtaram sua moto há quase
dois meses, a subprefeita da
região, Soninha Francine
(PPS), 41, diz não acreditar que
o bairro esteja mais violento.
"Duvido. Pode até ser que eu
esteja enganada. De uns tempos para cá, tenho lido recortes
de jornais de arquivo e vejo que
o tipo de delito aqui é recorrente. De dia, quando o fluxo de
pessoas é grande, há mais furto;
à noite, com as ruas desertas,
eles assaltam." Armado com
uma faca, o assaltante aceitou
abrir mão do celular em troca
dos R$ 35 que Soninha levava.
Leia trechos da entrevista.
FOLHA - Como você conseguiu ficar com o celular?
SONINHA FRANCINE - Pois é, numa
reunião, eles me perguntaram
do assalto, eu contei que tive de
pagar um "resgate" pelo aparelho. Eles riram muito. Porque,
realmente, o cara era ladrão,
poderia ter levado os dois, o
celular e o dinheiro. Mas não,
quando tudo terminou, a gente
ainda ficou um tempo conversando na calçada, ele com o
meu dinheiro no bolso. Fui embora rápido, antes que ele mudasse de ideia.
FOLHA - Já tinha sido assaltada?
SONINHA - Fui abordada por
bandidos três vezes. Uma no
Rio; outra em Cidade Tiradentes; e a terceira, na (avenida)
Paulista. Roubada, só agora.
FOLHA - Como se livrou das outras?
SONINHA - No Rio, eu dei uma
bronca no cara.
FOLHA - Ele estava armado?
SONINHA - Talvez com um pedaço de pau, não lembro. Ele
veio de um jeito estranho, pediu um trocado, pensei: "Vou
me dar mal". Abri a bolsa pra
pegar R$ 1, ele avançou pra arrancar tudo. Eu disse: "Pô, você
me pede uma grana, eu abro a
bolsa pra pegar e ganho isso?"
Ele acabou não levando.
FOLHA - Não teve medo?
SONINHA - Eu estava ferrada de
qualquer jeito. Não é que eu tenha perdido a cabeça, simplesmente reclamei. Ele ainda puxou o meu pescoço, eu segurei a
mão dele, dei um sermão, disse
que estava com as filhas pequenas esperando em casa, precisava comprar leite para elas.
FOLHA - Ser famosa ajudou na negociação com os assaltantes?
SONINHA - Nenhum dos caras
me reconheceu.
FOLHA - Por ser subprefeita você é
mais cobrada?
SONINHA - Claro! Perguntam:
"Mas e aí, subprefeita, que providências vai tomar?".
FOLHA - Você responde o quê?
SONINHA - De fato, algumas medidas de segurança passam por
prefeitura e subprefeitura. Mas
acho a ação da PM fundamental. Assim como a da Polícia
Civil, na questão da inteligência. A sub tem responsabilidade
na zeladoria. Se você tem um
lugar limpo, conservado, mato
cortado, desencoraja comportamentos violentos.
FOLHA - Mas o assaltante não é
atraído justamente pelas regiões
mais bem cuidadas e, supostamente, mais ricas?
SONINHA - Violência não é só o
que garante sucesso econômico
para o bandido. Esse cara, por
exemplo, não foi violento. Ele
queria ali um dinheiro rápido.
FOLHA - Como ele era?
SONINHA - Moço, alto, do tipo
que passa totalmente despercebido em um trem lotado. Nenhum sinal marcante.
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