São Paulo, quinta-feira, 13 de agosto de 2009

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Violência não subiu na Lapa, diz Soninha, 2 vezes assaltada

Subprefeita da região deu R$ 35 para que criminoso não levasse seu celular

"O tipo de delito aqui é recorrente. De dia, quando há mais fluxo de pessoas, há mais furtos; à noite, eles assaltam", afirma

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Assaltada às 19h30 da última segunda-feira na Caio Graco, mesma rua da Lapa em que furtaram sua moto há quase dois meses, a subprefeita da região, Soninha Francine (PPS), 41, diz não acreditar que o bairro esteja mais violento.
"Duvido. Pode até ser que eu esteja enganada. De uns tempos para cá, tenho lido recortes de jornais de arquivo e vejo que o tipo de delito aqui é recorrente. De dia, quando o fluxo de pessoas é grande, há mais furto; à noite, com as ruas desertas, eles assaltam." Armado com uma faca, o assaltante aceitou abrir mão do celular em troca dos R$ 35 que Soninha levava.
Leia trechos da entrevista.

 

FOLHA - Como você conseguiu ficar com o celular?
SONINHA FRANCINE -
Pois é, numa reunião, eles me perguntaram do assalto, eu contei que tive de pagar um "resgate" pelo aparelho. Eles riram muito. Porque, realmente, o cara era ladrão, poderia ter levado os dois, o celular e o dinheiro. Mas não, quando tudo terminou, a gente ainda ficou um tempo conversando na calçada, ele com o meu dinheiro no bolso. Fui embora rápido, antes que ele mudasse de ideia.

FOLHA - Já tinha sido assaltada?
SONINHA -
Fui abordada por bandidos três vezes. Uma no Rio; outra em Cidade Tiradentes; e a terceira, na (avenida) Paulista. Roubada, só agora.

FOLHA - Como se livrou das outras?
SONINHA -
No Rio, eu dei uma bronca no cara.

FOLHA - Ele estava armado?
SONINHA -
Talvez com um pedaço de pau, não lembro. Ele veio de um jeito estranho, pediu um trocado, pensei: "Vou me dar mal". Abri a bolsa pra pegar R$ 1, ele avançou pra arrancar tudo. Eu disse: "Pô, você me pede uma grana, eu abro a bolsa pra pegar e ganho isso?" Ele acabou não levando.

FOLHA - Não teve medo?
SONINHA -
Eu estava ferrada de qualquer jeito. Não é que eu tenha perdido a cabeça, simplesmente reclamei. Ele ainda puxou o meu pescoço, eu segurei a mão dele, dei um sermão, disse que estava com as filhas pequenas esperando em casa, precisava comprar leite para elas.

FOLHA - Ser famosa ajudou na negociação com os assaltantes?
SONINHA -
Nenhum dos caras me reconheceu.

FOLHA - Por ser subprefeita você é mais cobrada?
SONINHA -
Claro! Perguntam: "Mas e aí, subprefeita, que providências vai tomar?".

FOLHA - Você responde o quê?
SONINHA -
De fato, algumas medidas de segurança passam por prefeitura e subprefeitura. Mas acho a ação da PM fundamental. Assim como a da Polícia Civil, na questão da inteligência. A sub tem responsabilidade na zeladoria. Se você tem um lugar limpo, conservado, mato cortado, desencoraja comportamentos violentos.

FOLHA - Mas o assaltante não é atraído justamente pelas regiões mais bem cuidadas e, supostamente, mais ricas?
SONINHA -
Violência não é só o que garante sucesso econômico para o bandido. Esse cara, por exemplo, não foi violento. Ele queria ali um dinheiro rápido.

FOLHA - Como ele era?
SONINHA -
Moço, alto, do tipo que passa totalmente despercebido em um trem lotado. Nenhum sinal marcante.


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