São Paulo, sábado, 13 de agosto de 2011

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Ameaçada, magistrada não tinha escolta

Justiça diz que ela dispensou proteção; parentes afirmam que o número de policiais foi reduzido aos poucos

Nos últimos 4 anos, segurança informal era feita pelo namorado, um PM; juíza tinha fama de linha-dura


DO RIO

Desde 2007, a segurança da juíza Patrícia Acioli era feita apenas de maneira informal pelo policial militar Marcelo Poubel, 37, com quem mantinha um relacionamento amoroso.
Poubel foi, no passado, um dos responsáveis pela escolta oficial da juíza, oferecida pelo Tribunal de Justiça do Rio a partir de 2002 -três anos após ela assumir a 4ª Vara Criminal de São Gonçalo. Foi assim que os dois se conheceram.
Segundo amigos, a juíza namorava Poubel havia quase quatro anos. Ficaram separados no início do ano, quando ela o denunciou por agressão. Logo depois, a juíza retirou a queixa. A agressão teria acontecido por ciúmes do policial.
O presidente do TJ do Rio, Manoel Alberto dos Santos, diz que Acioli dispensou a proteção oficial em julho de 2007. A família da magistrada nega e diz que ela vinha sofrendo ameaças.
"Ela solicitou escolta e o pedido foi negado. Houve negligência na segurança dela", afirmou a médica Mônica Lourival, prima da juíza.
O presidente do TJ tem outra versão: "Em 2007, ela disse que não queria a segurança. O tribunal propôs a redução de três [policiais] para um, mas ela não quis", diz.
Segundo a assessoria do tribunal, o pedido de dispensa não foi documentado. Tudo, segundo a assessoria, foi acertado em audiência com o então presidente do TJ, José Carlos Murta Ribeiro.
Outros juízes e familiares dizem que Acioli pediu segurança ao tribunal. Um parente, que não quer se identificar, diz que a escolta foi reduzida gradativamente.

LINHA-DURA
Conhecida como linha-dura, Acioli era vista como muito incisiva ao tomar depoimentos de policiais envolvidos em crimes. Chegava a xingá-los em audiências sobre assassinatos. Considerava que um policial criminoso era pior que um traficante.
Ela morava com os três filhos e um pitbull no bairro de Piratininga, em Niterói, desde o início do ano. Segundo vizinhos, ela saía pouco.
Os três filhos estavam em casa na hora do crime: Mike, 20, foi o primeiro a correr para tentar socorrê-la. Eduarda, 10, é a caçula, e Ana, 12, sempre disse que queria seguir os passos da mãe.


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