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São Paulo, sábado, 13 de setembro de 2003

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Deputado vê ligação com juízes

DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da CPI da Pirataria da Câmara, deputado federal Luiz Antonio de Medeiros (PL-SP), que iniciou oficialmente ontem a investigação sobre o envolvimento entre o maior contrabandista de cigarros do país, Roberto Eleutério da Silva, o Lobão, e agentes públicos paulistas, teme que ele use sua rede de contatos para revogar sua prisão decretada pela Justiça.
Silva está preso desde o último dia 3, em São Paulo. A apreensão de Medeiros é motivada pelo suposto envolvimento de juízes federais, além de policiais, no esquema de corrupção.
Escutas telefônicas e investigação do Ministério Público Federal revelaram, de acordo com Medeiros, indícios de envolvimento de juízes para a liberação de cargas contrabandeadas que foram apreendidas.
O presidente da CPI disse que já informou o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, sobre o risco de Silva usar sua rede de contatos para conseguir a sua liberdade. Ontem, Medeiros também foi ao TRF (Tribunal Regional Federal) para falar sobre o caso.
"Não estamos contra nenhum juiz, mas a investigação nos deixou preocupados", afirmou.
A CPI, de acordo com o seu presidente, permaneceu apenas acompanhando a investigação a pedido do Ministério Público Federal. "Deixei de falar sobre o assunto nas reuniões da comissão para não atrapalhar. A prioridade era prender Lobão", afirmou.
Segundo Medeiros, o esquema de corrupção começou a ser descoberto pela Corregedoria da Polícia Rodoviária Federal, em Brasília. Denúncias de escolta policial a carretas de cigarros contrabandeados foram levadas ao Ministério Público Federal.
Na investigação, apareceu o nome de Silva e suas ligações com agentes públicos de vários Estados, principalmente São Paulo. "No Estado de São Paulo, ele operacionalizava todo o seu esquema. Também é aqui que essa rede de corrupção está mais incrustada", disse o deputado.
A CPI passa a centralizar as investigações em São Paulo a partir da próxima segunda-feira, com apoio de promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado).
A primeira tarefa será ouvir dois policiais do 10º DP (Penha), já afastados de suas funções pela Delegacia Geral de Polícia. Eles negam envolvimento. A convocação dos policiais foi aprovada ontem pela CPI.
Escutas telefônicas apontam envolvimento dos dois no esquema montado por Silva. Policias militares e policiais rodoviários também devem ser convocados. "Vamos começar pela base até atingir o topo, se for o caso", disse o presidente da CPI.
(GILMAR PENTEADO)


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