|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Deputado vê ligação com juízes
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da CPI da Pirataria da Câmara, deputado federal
Luiz Antonio de Medeiros
(PL-SP), que iniciou oficialmente
ontem a investigação sobre o envolvimento entre o maior contrabandista de cigarros do país, Roberto Eleutério da Silva, o Lobão,
e agentes públicos paulistas, teme
que ele use sua rede de contatos
para revogar sua prisão decretada
pela Justiça.
Silva está preso desde o último
dia 3, em São Paulo. A apreensão
de Medeiros é motivada pelo suposto envolvimento de juízes federais, além de policiais, no esquema de corrupção.
Escutas telefônicas e investigação do Ministério Público Federal
revelaram, de acordo com Medeiros, indícios de envolvimento de
juízes para a liberação de cargas
contrabandeadas que foram
apreendidas.
O presidente da CPI disse que já
informou o ministro da Justiça,
Márcio Thomaz Bastos, sobre o
risco de Silva usar sua rede de
contatos para conseguir a sua liberdade. Ontem, Medeiros também foi ao TRF (Tribunal Regional Federal) para falar sobre o caso.
"Não estamos contra nenhum
juiz, mas a investigação nos deixou preocupados", afirmou.
A CPI, de acordo com o seu presidente, permaneceu apenas
acompanhando a investigação a
pedido do Ministério Público Federal. "Deixei de falar sobre o assunto nas reuniões da comissão
para não atrapalhar. A prioridade
era prender Lobão", afirmou.
Segundo Medeiros, o esquema
de corrupção começou a ser descoberto pela Corregedoria da Polícia Rodoviária Federal, em Brasília. Denúncias de escolta policial
a carretas de cigarros contrabandeados foram levadas ao Ministério Público Federal.
Na investigação, apareceu o nome de Silva e suas ligações com
agentes públicos de vários Estados, principalmente São Paulo.
"No Estado de São Paulo, ele operacionalizava todo o seu esquema. Também é aqui que essa rede
de corrupção está mais incrustada", disse o deputado.
A CPI passa a centralizar as investigações em São Paulo a partir
da próxima segunda-feira, com
apoio de promotores do Gaeco
(Grupo de Atuação Especial de
Repressão ao Crime Organizado).
A primeira tarefa será ouvir dois
policiais do 10º DP (Penha), já
afastados de suas funções pela
Delegacia Geral de Polícia. Eles
negam envolvimento. A convocação dos policiais foi aprovada ontem pela CPI.
Escutas telefônicas apontam envolvimento dos dois no esquema
montado por Silva. Policias militares e policiais rodoviários também devem ser convocados. "Vamos começar pela base até atingir
o topo, se for o caso", disse o presidente da CPI.
(GILMAR PENTEADO)
Texto Anterior: PF quer mapear poder de grupo Próximo Texto: Letras jurídicas: Braceletes para esvaziar prisões Índice
|