São Paulo, segunda-feira, 13 de setembro de 2004

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Quartéis no Rio registram 186 armas levadas desde 2000

DA SUCURSAL DO RIO

Desde 2000, 186 armas foram desviadas de quartéis das Forças Armadas no Estado do Rio, das quais 126 somente da Aeronáutica. A estatística não inclui o número de munições ou granadas roubadas. A corporação é a que menos tem conseguido esclarecer os roubos e punir os responsáveis.
Segundo relatórios obtidos pela Folha no MPM (Ministério Público Militar), em 2002 houve três grandes desvios de armas e munições no Parque Material Bélico da Aeronáutica, localizado na Ilha do Governador (zona norte), e ninguém foi punido.
O primeiro desses casos foi descoberto no dia 6 de março. Sumiram cinco fuzis, cinco pistolas Taurus 9 mm, cinco granadas e dez carregadores de munição. Cinco militares foram denunciados na época, mas foram absolvidos por falta de provas.
O outro incidente no quartel, segundo o MPM, ocorreu em maio. De acordo com o Inquérito Policial Militar 06/02, foram desviados cinco fuzis e sete submetralhadoras. Um militar foi denunciado, mas a acusação foi rejeitada pela Justiça.
O terceiro episódio aconteceu em agosto. O quartel foi invadido por cinco homens armados, que levaram dez fuzis e cinco pistolas. O caso foi arquivado também por falta de provas.

Invasão
O arsenal da corporação sofreu outro grande roubo neste ano, e o caso ainda não foi totalmente esclarecido. Em maio, pelo menos cinco homens armados invadiram o paiol do Depósito de Aeronáutica na avenida Brasil (Bonsucesso, zona norte). Foram roubados 22 fuzis e uma pistola.
Investigações do MPM indicam que dois soldados, cujos nomes são mantidos em sigilo, auxiliaram os invasores, que, segundo a PF (Polícia Federal), seriam do morro do Dendê (Ilha do Governador, zona norte). Dois dos fuzis roubados foram recuperados em Recife (PE).
Outros quatro fuzis foram furtados neste ano da Aeronáutica. Dois na Base Aérea de Santa Cruz e dois no Campo dos Afonsos, ambos na zona oeste. As investigações não foram concluídas.

Recuperação
Das 186 armas desviadas desde 2000, apenas 51 foram recuperadas pelas Forças Armadas. A Aeronáutica conseguiu reaver 36.
Em nota, o Comando da Aeronáutica informou que, sempre que ocorrem roubos em suas unidades, abre imediatamente sindicâncias para punir os envolvidos, além de inquéritos.
A corporação afirma ainda que vem reforçando o sistema de segurança dos quartéis e adotando critérios mais rígidos na seleção de pessoal que ingressa nas Forças Armadas.
O Exército sustenta que controla rigidamente seus arsenais por meio de registros atualizados e restrição de acesso aos paióis. Diz que tem feito rigorosas apurações para punir os responsáveis e recuperar as armas roubadas.
Já a Marinha disse que, em virtude de roubos, expediu um documento interno visando a atualização dos planos de segurança das unidades. Afirma que tem feito apurações aprofundadas dos fatos e encaminhado os resultados à Justiça Militar. (MHM)

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