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S&M 3
Terapeutas afirmam que rituais de submissão e dominação fazem parte do imaginário da maioria das pessoas
Sadomasoquismo light alimenta fantasias
da Reportagem Local
A fantasia de chicotes, correntes
e couro povoa a mente da maioria
dos casais, hetero e homossexuais.
Pelo menos é o que afirmam sexólogos e terapeutas ouvidos; é também o que se depreende da pouca
literatura a respeito.
Sobre a prática entre quatro paredes, as pesquisas são também
vagas. Estimativas internacionais
estabelecem em 1% o número de
pessoas que tem algum "transtorno de preferência", aqui incluídos
fetichismo, exibicionismo, voyeurismo e outros.
Mas é no sadomasoquismo light,
adotado por casais absolutamente
normais, que a prática tem maior
número de adeptos.
Em seu livro "Objetos do Desejo", Oswaldo Rodrigues Júnior cita uma pesquisa com universitários paulistanos em que 48% disseram já ter tido relação sexual em
que a dor estava associada ao prazer. Entre as mulheres, a porcentagem era de 40,9%.
Nesta pesquisa (realizada por
Marques, Domingues e Dante),
35% dos homens e 26% das mulheres disseram usar a mordida
como uma forma de produzir dor.
O relatório Kinsey, de 1954
-um vasto estudo sobre o comportamento sexual do norte-americano-, 55% das mulheres e 50%
dos homens afirmaram reagir eroticamente a mordidas.
Em outro estudo citado por Rodrigues Júnior, as mulheres colocaram a prática masoquista em 7º
lugar numa lista de 19 preferências
sexuais. Para elas, o sadismo aparece em 12º. Os homens colocaram
o ser sádico em 11º. Nesse estudo,
homens e mulheres preferiam que
o outro fosse sádico.
Carmita Abdo, do Instituto de
Psiquiatria, afirma que a maioria
já adotou ou adota alguma prática
que tem a ver com o sadomasoquismo. Nesse universo, valem os
tapas no bumbum, os arranhões e
palavrões. A cena do deixar-se
amarrar na cama -onde os nós
são desatados com a boca- é relatada com frequência.
"Todo mundo tem fantasias
que envolvem submissão e dominação", diz a terapeuta social
Aparecida Vanini Favoreto.
Muitos precisam da ajuda de terceiros para materializá-las. "A
maioria pede que eu não deixe
marcas, porque em seguida voltarão para suas casas e dormirão
com suas mulheres", afirma "Suzana, a dominadora", uma garota
de programa "especializada" que
atende no bairro de Pinheiros.
(ANTONINA LEMOS
E AURELIANO BIANCARELLI)
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