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Estilista inglesa adotou estilo nos anos 70
ERIKA PALOMINO
Colunista da Folha
Para conseguir identificar onde
está o sadomasoquismo na moda,
primeiro é preciso entender que
esse universo está inscrito num registro fashion chamado fetiche.
Por essa expressão, entende-se algum tipo de tara ou atração sexual
por itens do vestuário ou acessórios. Uma ligada à outra, portanto;
tudo cheio de política sexual.
O sadomasoquismo começou a
fazer o caminho inverso, de seus
rituais para as cerimônias da moda, nos anos 70. A responsável foi
a estilista inglesa Vivienne Westwood, que, a partir de 74, passou a
vender em sua famosa loja Sex
(berço dos punks) roupas de borracha, couro e peças afins.
Uma das principais incentivadoras do S&M como look "normal", a própria estilista foi precursora do uso do corselet -item
fundamental dessa cultura.
Já no final dos anos 80, Jean Paul
Gautier começou a olhar para esses personagens, seguido, já nos
anos 90, por nomes como Claude
Montana e Gianni Versace.
O primeiro item a ser oficialmente adotado pela moda foram
as chamadas "kinky boots", as
poderosas botas de salto. A cinta-liga também é fundamental para prender as meias finas, enquanto as saias devem ser bem apertadas, em PVC, couro ou borracha.
Se às vezes, na moda, usamos algo "só por usar", no mundo
S&M as simbologias são complexas. Para alguns, os feitos em couro seriam apenas para dominantes
e os de borracha para submissos.
A "dominatrix" usaria seu corselet como armadura: seu "escravo" pode ver, mas não tocar. Do
outro lado, ele seria vestido num
apertado corselet como punição.
Já o fetichista clássico busca menos a dor que o tesão: simplesmente gosta de ver as mulheres
apertadas em seus espartilhos.
Um dos itens do sadomasoquismo, o "body piercing", virou até
carne-de-vaca, nos anos 90. Se nos
anos 70 eles ainda chocavam, hoje
em dia todo mundo tem.
No Brasil, quem quiser ver o segmento fashion da cultura S&M
pode ver o trabalho de Alexandre
Herchcovitch, que desde 89 já vestia sua primeira modelo, a drag
queen Marcia Pantera, com modelões nesse estilo.
A coleção desenvolvida para a
tecelagem Affiniti em 97 é, segundo o estilista, a mais explícita até
os desfiles do último verão, no
MorumbiFashion Brasil, quando
levou à passarela atracadores e a
pura fantasia de suas criações.
Menos fashion, mas igualmente
objetivas, são as sex shops espalhadas por São Paulo, onde, dentro do fundamento "do-it-yourself", dá para adquirir uma peça
S&M de verdade e adaptar para
um clube ou uma festa especial.
Outra opção ainda, você sabe, é ligar na Monique Evans e deixar rolar.
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