São Paulo, domingo, 13 de setembro de 1998

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Estilista inglesa adotou estilo nos anos 70

ERIKA PALOMINO
Colunista da Folha

Para conseguir identificar onde está o sadomasoquismo na moda, primeiro é preciso entender que esse universo está inscrito num registro fashion chamado fetiche. Por essa expressão, entende-se algum tipo de tara ou atração sexual por itens do vestuário ou acessórios. Uma ligada à outra, portanto; tudo cheio de política sexual.
O sadomasoquismo começou a fazer o caminho inverso, de seus rituais para as cerimônias da moda, nos anos 70. A responsável foi a estilista inglesa Vivienne Westwood, que, a partir de 74, passou a vender em sua famosa loja Sex (berço dos punks) roupas de borracha, couro e peças afins.
Uma das principais incentivadoras do S&M como look "normal", a própria estilista foi precursora do uso do corselet -item fundamental dessa cultura.
Já no final dos anos 80, Jean Paul Gautier começou a olhar para esses personagens, seguido, já nos anos 90, por nomes como Claude Montana e Gianni Versace.
O primeiro item a ser oficialmente adotado pela moda foram as chamadas "kinky boots", as poderosas botas de salto. A cinta-liga também é fundamental para prender as meias finas, enquanto as saias devem ser bem apertadas, em PVC, couro ou borracha.
Se às vezes, na moda, usamos algo "só por usar", no mundo S&M as simbologias são complexas. Para alguns, os feitos em couro seriam apenas para dominantes e os de borracha para submissos. A "dominatrix" usaria seu corselet como armadura: seu "escravo" pode ver, mas não tocar. Do outro lado, ele seria vestido num apertado corselet como punição. Já o fetichista clássico busca menos a dor que o tesão: simplesmente gosta de ver as mulheres apertadas em seus espartilhos.
Um dos itens do sadomasoquismo, o "body piercing", virou até carne-de-vaca, nos anos 90. Se nos anos 70 eles ainda chocavam, hoje em dia todo mundo tem.
No Brasil, quem quiser ver o segmento fashion da cultura S&M pode ver o trabalho de Alexandre Herchcovitch, que desde 89 já vestia sua primeira modelo, a drag queen Marcia Pantera, com modelões nesse estilo.
A coleção desenvolvida para a tecelagem Affiniti em 97 é, segundo o estilista, a mais explícita até os desfiles do último verão, no MorumbiFashion Brasil, quando levou à passarela atracadores e a pura fantasia de suas criações.
Menos fashion, mas igualmente objetivas, são as sex shops espalhadas por São Paulo, onde, dentro do fundamento "do-it-yourself", dá para adquirir uma peça S&M de verdade e adaptar para um clube ou uma festa especial. Outra opção ainda, você sabe, é ligar na Monique Evans e deixar rolar.



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