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Aumento do IPTU acima da inflação atinge 506 mil casas
Reajuste proposto pelo prefeito Gilberto Kassab (PFL) para vigorar já em 2007 será de 4% a 6% acima da inflação
Projeto ainda precisa ser aprovado pela Câmara;
para advogado, reajuste é legal, mas contribuinte pode questionar valor
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O aumento do valor do IPTU
acima da inflação em 2007 deve
atingir cerca de 506 mil imóveis residenciais em São Paulo.
O cálculo foi feito pela Folha
a partir da nova divisão das zonas fiscais da cidade fixada por
um projeto do prefeito Gilberto Kassab (PFL). A proposta,
que ainda precisa ser aprovada
pela Câmara, trata do reajuste
do IPTU (Imposto Predial e
Territorial Urbano) para 2007.
Além do reajuste válido para
o próximo ano, Kassab incluiu
no projeto a obrigatoriedade de
realizar uma revisão da planta
genérica de valores -base do
cálculo do imposto- para
2008, o que deve causar um aumento ainda maior.
Pelo projeto de Kassab, a cidade terá três zonas fiscais. Na
primeira, que inclui praticamente toda a área central e
bairros como Santana, Pinheiros, Moema, Saúde, Vila Mariana e parte do Tatuapé, será
aplicado um aumento de 10%
no valor venal da área construída. Com isso, o dono de imóveis
nessa região vai pagar o IPTU
reajustado de 4% a 6% além da
inflação deste ano.
Essa região -o "centro expandido fiscal", por incluir a
maior parte da área central onde há rodízio de veículos- moram cerca de 1,4 milhão de pessoas, população equivalente a
12,8% dos 10,9 milhões de habitantes da cidade.
Os cerca de 506 mil imóveis
residenciais dessa área representam 16,9% do total de 3 milhões de residências da cidade
-não são considerados os prédios comerciais, que também
recolhem IPTU.
O advogado tributarista Fernando Albino, professor da
PUC, disse que o reajuste, se
for aplicado, é legal. "O IPTU é
um imposto sobre a propriedade e, especificamente, sobre o
valor da propriedade. Juridicamente, é possível o prefeito
corrigir o valor do imposto
mesmo acima da inflação se o
valor de mercado do imóvel tiver subido acima da inflação",
afirma o tributarista.
Sobre o reajuste do imposto
acima da inflação apenas para
uma área da cidade, ele disse
que acredita ser legalmente
possível, mas admitiu que é um
assunto "discutível e polêmico". Albino alertou, porém, que
o contribuinte que se sentir
prejudicado pode entrar com
recursos administrativos.
"O valor venal do imóvel não
pode ser maior do que o seu valor de mercado. Se o valor venal
lançado for de R$ 100 mil, mas
o imóvel tiver um valor real de
R$ 70 mil, cabe ao contribuinte
recorrer. Mas essa é uma questão individual, que cabe somente ao contribuinte questionar", disse Albino.
Sem mudança
Em áreas mais periféricas,
como Itaquera e Capão Redondo, o imposto de 2007 terá um
valor semelhante ao do deste
ano. Isso porque a área terá
uma redução de 10% do valor
venal dos imóveis, ao contrário
do que ocorre na área mais central. Como o IPTU dessa área
será reajustado pelo índice da
inflação do período, esse redutor será praticamente anulado.
Nessa região moram cerca de
5,3 milhões de pessoas -48,6%
da população- e existe cerca de
1,3 milhão de imóveis residenciais -43,3% do total da cidade.
Já os moradores da zona fiscal que inclui bairros como Lapa, Limão e Freguesia do Ó
-4,2 milhões de habitantes e
1,2 milhão de imóveis residenciais- pagarão o IPTU em
2007 com um reajuste equivalente apenas à inflação, sem nenhum redutor ou aumento
além da correção inflacionária.
Os dados adotados pela Folha para os cálculos de população e número de imóveis residenciais constam do site da
prefeitura e foram tabulados a
partir de informações da Fundação Seade.
Estão previstas reduções do
IPTU também para os dois locais onde o metro quadrado é o
mais caro de São Paulo: as avenidas Paulista e Faria Lima.
Isso porque o projeto de Kassab limita em R$ 4.000 o valor
do m2 para imóveis residenciais. O limitador beneficiará
apenas imóveis dessas duas
avenidas, onde o m2 chega a
custar R$ 8.000.
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