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Após incêndio, desalojados invadem prédios
Moradores de barracos destruídos no domingo ocuparam, por 6 h, apartamentos que estão em construção para cobrar prefeitura
Objetivo, segundo eles, era pedir inclusão em programa habitacional; invasores deixaram local e foram levados para clube municipal
Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem
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Desabrigados após o incêndio na favela Nova Jaguaré, em São Paulo, os moradores invadiram ontem um conjunto residencial em obras
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
TAI NALON
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Ontem, um dia após o incêndio na favela Nova Jaguaré (zona oeste de SP) que deixou 300
barracos destruídos e mais de
1.300 pessoas desabrigadas, um
grupo de 200 moradores que
viviam na área invadiu um conjunto habitacional em construção no terreno ao lado. A invasão teve como objetivo forçar a
prefeitura a incluí-los em algum programa habitacional.
Eles invadiram dois prédios
do conjunto quando começou a
chover. Após seis horas, aceitaram deixar os apartamentos
-que serão entregues em 2010
a outras famílias da mesma favela- com a promessa de que
seriam cadastrados na Secretaria Municipal de Habitação e de
que poderiam ficar alojados em
um clube municipal durante
uma semana.
Até então, a única alternativa
dada pela prefeitura às famílias
desalojadas eram os albergues
destinados à população de rua.
Dos desabrigados, apenas sete
aceitaram ir para os abrigos. Os
demais se hospedarem na casa
de parentes e amigos.
Dentro de um dos apartamentos invadidos, Caíque Bezerra da Silva, 18, justificava a
invasão: "É uma forma de chamar a atenção. É como se fosse
a desobediência civil. Se não fizermos isso, eles não vão nos
ajudar. Ninguém aqui tem a intenção de destruir nada".
Para invadir os apartamentos, os moradores quebraram
um muro de concreto que separava o conjunto da favela.
Quando ocorreu a invasão, havia apenas assistentes sociais
da prefeitura no local. A guarda
municipal e a Polícia Militar foram acionadas depois.
O cadastramento, porém,
não significa que automaticamente receberão um apartamento. A prioridade é das famílias com idosos, deficientes e
crianças e das que estejam há
mais tempo no local.
A Secretaria de Habitação já
preparava a inclusão dos moradores em programas habitacionais. O cadastramento ainda
não havia sido feito porque o
terreno está em fase de desapropriação.
Moradores incluídos no programa habitacional recebem
uma ajuda financeira para pagar o aluguel até que seu apartamento esteja pronto.
Questionado sobre o incêndio, o prefeito Gilberto Kassab
(DEM) disse que as pessoas seriam atendidas pelas assistentes sociais da prefeitura. Não
fez comentário sobre o drama
dos moradores.
A emprega doméstica Márcia
Maria Oliveira da Silva, 41, lamentava a perda do barraco pelo qual havia pago R$ 2.000. Ela
dividia o local com o marido, os
dois filhos e um cunhado. "Da
minha casinha, sobraram fotos
e um balde com roupas."
Na madrugada de ontem, as
assistentes sociais distribuíram
colchões, cobertores e cestas
básicas às 232 famílias desabrigadas localizadas até então.
Os bombeiros acreditam que
as chamas foram provocadas
por ligações elétricas clandestinas. A polícia investiga o caso.
Colaborou o "Agora"
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