|
Próximo Texto | Índice
Polícia fecha matadouro de cães e gatos
Casal de Suzano, na Grande SP, foi preso sob suspeita de matar os animais e vendê-los para restaurantes coreanos do Bom Retiro
Legislação brasileira proíbe a comercialização desse
tipo de produto, que era vendido por até R$ 220,
de acordo com a polícia
Adriano Vaccari / Futura Press
|
|
Policiais e agentes de saúde em casa usada clandestinamente como matadouro de cães em Suzano, SP
ANNA CAROLINA CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
AFONSO BENITES
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma casa onde vivem três
poodles e um rotweiller era
usada como abatedouro de cães
e gatos na periferia de Suzano,
na Grande SP. Após um mês de
investigação, a polícia prendeu
ontem um casal suspeito de
matar e vender os animais para
restaurantes coreanos.
Pela legislação brasileira, a
venda desse produto é ilegal.
Segundo o Ministério da Agricultura, só podem ser comercializados produtos descritos
no decreto 30.691/ 1952. Lá
constam carnes de bois, cavalos, suínos, aves e outros, mas
não há nenhuma referência a
felinos ou caninos.
O consumo de carne de cães e
gatos é usual em alguns países
da Ásia, como a Coreia do Sul.
Nos fundos da casa de Roberto Morais, 41, e Roseli Nascimento, 39, foram encontrados
60 kg de carne canina resfriada,
dois gatos mortos e equipamentos usados nos abates, como machado, ganchos e um
maçarico.
A carne, conforme a Polícia
Civil, era vendida para restaurantes localizados no Bom Retiro (região central de SP) e
custavam entre R$ 180 e R$
220 por bicho.
Encomendas
O esquema funcionava havia
três anos. O casal recebia cerca
de dez encomendas por semana. Quatro pessoas, proprietárias de dois restaurantes no
Bom Retiro, também foram
presas. Procurados pela Folha,
seus advogados não quiseram
comentar o assunto.
Na casa do casal, os animais
eram engordados e mortos a
machadadas. A carne era queimada com um maçarico. Como
não eram vendidas, as cabeças
e patas acabavam incineradas.
Procurado, o advogado do
casal, Fabrício Tsutsui, disse
que o casal não quis se manifestar a respeito e que ele não
teve acesso ao processo.
Segundo a polícia, os animais
abatidos viviam nas ruas e
eram atraídos com ossos e comida até a casa onde o casal vivia com três filhos.
A Vigilância Sanitária de Suzano acompanhou o trabalho
da polícia e só não recolheu o
rotweiller e os três poodles
porque, segundo a família, eles
não seriam abatidos. Quando
ameaçaram levar os quatro
cães, as crianças choraram e a
mãe deles mostrou as carteiras
de vacinação de cada bicho.
Os policiais chegaram até o
abatedouro depois de uma denúncia sobre a venda de carne
de cachorros em restaurantes
coreanos. Na noite de quarta-feira, ligaram para o casal encomendando a carne dos animais.
A entrega foi marcada para ontem, antes das 7h, quando o casal foi preso. Conforme a polícia, eles serão indiciados por
crueldade contra animais, formação de quadrilha e crime
contra o meio ambiente. "É um
grave crime contra a saúde pública, não sabemos a procedência desta carne", diz o delegado
Anderson Gianpaoli.
Próximo Texto: Cardápio mostra prato com carne de cachorro Índice
|