São Paulo, sexta-feira, 13 de novembro de 2009

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Polícia fecha matadouro de cães e gatos

Casal de Suzano, na Grande SP, foi preso sob suspeita de matar os animais e vendê-los para restaurantes coreanos do Bom Retiro

Legislação brasileira proíbe a comercialização desse tipo de produto, que era vendido por até R$ 220, de acordo com a polícia

Adriano Vaccari / Futura Press
Policiais e agentes de saúde em casa usada clandestinamente como matadouro de cães em Suzano, SP

ANNA CAROLINA CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

AFONSO BENITES
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma casa onde vivem três poodles e um rotweiller era usada como abatedouro de cães e gatos na periferia de Suzano, na Grande SP. Após um mês de investigação, a polícia prendeu ontem um casal suspeito de matar e vender os animais para restaurantes coreanos.
Pela legislação brasileira, a venda desse produto é ilegal. Segundo o Ministério da Agricultura, só podem ser comercializados produtos descritos no decreto 30.691/ 1952. Lá constam carnes de bois, cavalos, suínos, aves e outros, mas não há nenhuma referência a felinos ou caninos.
O consumo de carne de cães e gatos é usual em alguns países da Ásia, como a Coreia do Sul.
Nos fundos da casa de Roberto Morais, 41, e Roseli Nascimento, 39, foram encontrados 60 kg de carne canina resfriada, dois gatos mortos e equipamentos usados nos abates, como machado, ganchos e um maçarico.
A carne, conforme a Polícia Civil, era vendida para restaurantes localizados no Bom Retiro (região central de SP) e custavam entre R$ 180 e R$ 220 por bicho.

Encomendas
O esquema funcionava havia três anos. O casal recebia cerca de dez encomendas por semana. Quatro pessoas, proprietárias de dois restaurantes no Bom Retiro, também foram presas. Procurados pela Folha, seus advogados não quiseram comentar o assunto.
Na casa do casal, os animais eram engordados e mortos a machadadas. A carne era queimada com um maçarico. Como não eram vendidas, as cabeças e patas acabavam incineradas.
Procurado, o advogado do casal, Fabrício Tsutsui, disse que o casal não quis se manifestar a respeito e que ele não teve acesso ao processo.
Segundo a polícia, os animais abatidos viviam nas ruas e eram atraídos com ossos e comida até a casa onde o casal vivia com três filhos.
A Vigilância Sanitária de Suzano acompanhou o trabalho da polícia e só não recolheu o rotweiller e os três poodles porque, segundo a família, eles não seriam abatidos. Quando ameaçaram levar os quatro cães, as crianças choraram e a mãe deles mostrou as carteiras de vacinação de cada bicho.
Os policiais chegaram até o abatedouro depois de uma denúncia sobre a venda de carne de cachorros em restaurantes coreanos. Na noite de quarta-feira, ligaram para o casal encomendando a carne dos animais. A entrega foi marcada para ontem, antes das 7h, quando o casal foi preso. Conforme a polícia, eles serão indiciados por crueldade contra animais, formação de quadrilha e crime contra o meio ambiente. "É um grave crime contra a saúde pública, não sabemos a procedência desta carne", diz o delegado Anderson Gianpaoli.


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