São Paulo, terça-feira, 13 de dezembro de 2005

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VESTIBULAR

Apenas 12 de 103 carreiras tiveram a pontuação mínima para a convocação para a segunda fase mantida ou aumentada

Prova difícil derruba nota de corte da Fuvest

Flávio Florido/Folha Imagem
Graziella Moliterni Benvenuti, candidata de direito que fez 65 pontos e achava que não seria convocada para a segunda fase da Fuvest


SIMONE HARNIK
DA REPORTAGEM LOCAL

A Fuvest, maior vestibular do país, com mais de 170 mil inscritos, sofreu uma queda generalizada na nota de corte para a convocação para a segunda fase. Das 103 carreiras em disputa, apenas 12 tiveram a nota de corte mantida ou aumentada, a maior parte delas na USP Leste. Na média das carreiras, a queda foi de 6,21 pontos.
Entre os cursos que sofreram as maiores diminuições estão fonoaudiologia, turismo, editoração e enfermagem, sempre acima de dez pontos. A nota de cursos tradicionais, como direito, engenharia e medicina, também caiu -oito pontos cada um.
Professores de cursinho consultados pela Folha e a própria Fuvest consideram que a prova deste ano estava mais difícil.
Para o coordenador da fundação, Roberto Costa, há um segundo motivo que explica a queda. Segundo ele, houve um aumento no número de candidatos em razão da oferta maior de isenções da taxa de inscrição do vestibular.
O curso que apresentou maior queda na nota de corte foi o de fonoaudiologia no campus de Bauru. No exame passado, para ir à segunda fase, o vestibulando precisava fazer no mínimo 53 pontos. Neste ano, a nota caiu para 27. No último vestibular, as notas de corte subiram em 78 dos cem cursos oferecidos na época.
A vestibulanda Graziella Moliterni Benvenuti, 17, foi uma das que já não esperavam mais a convocação para as provas dissertativas. "Passei a ter como prioridade a Unicamp. Agora tudo mudou e eu quero a Fuvest de novo", disse. Ela fez 65 pontos e permanece na disputa por uma vaga em direito. Se a nota de corte do ano passado fosse mantida, ela precisaria ter feito ainda mais seis pontos.

As razões
"Procuramos manter o nível das questões, não há intenção de facilitar ou de dificultar. Mas, como esse é um indicador subjetivo, notamos que os vestibulandos consideraram a prova mais difícil", afirma o coordenador da Fuvest.
No entanto, de acordo com Costa, o aumento do número de inscritos -provocado pela maior oferta de isenções na taxa da prova (65.277)- pesou na gangorra das notas mínimas. "Uma parte dos candidatos isentos tem formação muito modesta e isso pode ter afetado a média dos desempenhos", disse. A nota de corte é calculada com base na média geral dos candidatos. Se a média cai, a nota de convocação também cai.
Para o coordenador do Etapa, Carlos Eduardo Bindi, a queda está relacionada a dificuldades nas provas de história, de geografia e de inglês. "Neste ano, inglês tinha termos pouco comuns, um vocabulário sofisticado, acima do médio", afirmou. "Em geografia e em história, o problema é que ambas pediam que o candidato levantasse hipóteses a partir do contexto. As perguntas não eram diretas."
O cursinho fez um levantamento com mais de 12 mil concorrentes que, logo após a prova, já apontava queda na média geral. Os professores Alberto Francisco do Nascimento, coordenador do Anglo, e Antonio Mario Salles, coordenador do Objetivo, também observaram as dificuldades dos alunos. "Muitos reclamaram que a prova estava mais difícil."
Para a segunda fase do vestibular serão convocados 31.104 candidatos. São disputadas 9.952 vagas na USP, cem na Santa Casa e 195 na Academia de Polícia Militar do Barro Branco. A segunda fase é de 8 a 12 de janeiro.


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