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CARNAVAL PARA BRASILEIROS
Medo de perder pontos por não cantarem o samba é um dos motivos
Escolas de samba barram "gringos"
TALITA FIGUEIREDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Não adianta ter samba no pé se
não puder cantar a música. De
olho na disputa pelo Carnaval de
2006, presidentes de escolas de
samba já tomam decisões polêmicas. Com medo de perder
pontos em harmonia e evolução,
pelo menos quatro escolas do
grupo especial estão proibindo
ou limitando a venda de fantasias a grupos de estrangeiros.
"Os turistas estrangeiros são
muito bem-vindos na quadra da
escola, mas na avenida temos
dez quesitos em julgamento. O
brasileiro sabe cantar o samba,
eles não sabem. Os jurados percebem isso, e perdemos pontos.
Aí, acaba com o trabalho de um
ano inteiro", afirma o diretor de
carnaval da Viradouro, Guilherme Nóbrega.
A decisão, no entanto, não é
unânime. O presidente da Caprichosos de Pilares, Paulo de Almeida, diz que a proibição é uma
"discriminação inaceitável".
Na tricampeã Beija-Flor, a
proibição não é novidade. "Aqui
é proibido mesmo, sempre foi",
diz Laíla, diretor de carnaval.
Na briga para sair do vice-campeonato, a política agora é a mesma na Unidos da Tijuca.
Na Grande Rio, a venda de fantasias pela internet foi cancelada,
para evitar que grupos de turistas estrangeiros as comprem. O
diretor de carnaval Milton Perácio justifica a decisão afirmando
que muitos turistas param no
meio do desfile para tirar fotos.
Uma das escolas mais visitadas
por estrangeiros, a Mangueira
tenta dividir os turistas. A vice-presidente da escola, Eli Gonçalves, a Chininha, acha "indelicado" proibir a presença de estrangeiros. "Tentamos espalhar os
estrangeiros em alas diferentes."
O mesmo acontece no Império
Serrano. Já Mocidade, Imperatriz e Salgueiro não são muito
procuradas por estrangeiros e
não sofrem com esse problema.
Na contramão, a Portela vende
fantasias para agências de turismo negociarem pacotes. Neste
ano, dos 5.800 componentes, pelo menos 800 eram estrangeiros.
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