São Paulo, terça-feira, 13 de dezembro de 2005

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CARNAVAL PARA BRASILEIROS

Medo de perder pontos por não cantarem o samba é um dos motivos

Escolas de samba barram "gringos"

TALITA FIGUEIREDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Não adianta ter samba no pé se não puder cantar a música. De olho na disputa pelo Carnaval de 2006, presidentes de escolas de samba já tomam decisões polêmicas. Com medo de perder pontos em harmonia e evolução, pelo menos quatro escolas do grupo especial estão proibindo ou limitando a venda de fantasias a grupos de estrangeiros.
"Os turistas estrangeiros são muito bem-vindos na quadra da escola, mas na avenida temos dez quesitos em julgamento. O brasileiro sabe cantar o samba, eles não sabem. Os jurados percebem isso, e perdemos pontos. Aí, acaba com o trabalho de um ano inteiro", afirma o diretor de carnaval da Viradouro, Guilherme Nóbrega.
A decisão, no entanto, não é unânime. O presidente da Caprichosos de Pilares, Paulo de Almeida, diz que a proibição é uma "discriminação inaceitável".
Na tricampeã Beija-Flor, a proibição não é novidade. "Aqui é proibido mesmo, sempre foi", diz Laíla, diretor de carnaval.
Na briga para sair do vice-campeonato, a política agora é a mesma na Unidos da Tijuca.
Na Grande Rio, a venda de fantasias pela internet foi cancelada, para evitar que grupos de turistas estrangeiros as comprem. O diretor de carnaval Milton Perácio justifica a decisão afirmando que muitos turistas param no meio do desfile para tirar fotos. Uma das escolas mais visitadas por estrangeiros, a Mangueira tenta dividir os turistas. A vice-presidente da escola, Eli Gonçalves, a Chininha, acha "indelicado" proibir a presença de estrangeiros. "Tentamos espalhar os estrangeiros em alas diferentes."
O mesmo acontece no Império Serrano. Já Mocidade, Imperatriz e Salgueiro não são muito procuradas por estrangeiros e não sofrem com esse problema.
Na contramão, a Portela vende fantasias para agências de turismo negociarem pacotes. Neste ano, dos 5.800 componentes, pelo menos 800 eram estrangeiros.


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