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JUSTIÇA
Médico foi condenado a mais de 7 anos de prisão; vítima, hoje com 16 anos, ficou cega e com problemas de locomoção
Após 12 anos foragido, agressor de bebê tem pena prescrita
FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
A partir de hoje, Flávio Ricardo
Baumgart Rossi não deve mais
nada à Justiça brasileira. Em 1993,
ele foi condenado a sete anos e
quatro meses de prisão por ter espancado, quatro anos antes, um
bebê de nove meses internado em
um hospital de Taubaté (130 km
de São Paulo).
Doze anos depois de proferida,
a condenação prescreveu hoje. De
acordo com as investigações da
polícia, ele agrediu o bebê Leônidas Alan, hoje um adolescente de
16 anos, diversas vezes entre os
dias 13 e 26 março de 1989, enquanto estava internado no Hospital Universitário de Taubaté.
Rossi era médico residente.
As sessões de espancamento só
terminaram depois que duas enfermeiras flagraram o estudante
de medicina e o denunciaram à
polícia. O bebê, que chegou ao
hospital para tratar-se de uma
simples bronquite, saiu de lá cego
e com braços e pernas fraturados.
Rossi, hoje com 42 anos, foi visto pela última vez em maio de
1989, no dia em que depôs no inquérito que investigava as agressões sofridas pela criança. Na
oportunidade, se disse inocente
das acusações.
"Nesses 16 anos foram feitas várias diligências. Até a Interpol foi
requisitada para participar das
procuras. Mas desde 1989 não tivemos nem uma pista sequer do
paradeiro dele", disse ontem o delegado seccional de Taubaté, Roberto Martins de Barros, que
acompanhou o caso desde o início das investigações.
Dias tristes
O adolescente vive com a família em Conceição dos Ouros, no
interior de Minas Gerais. Os pais,
que trabalham em uma fábrica de
biscoitos de polvilho, ganham um
salário mínimo cada um. Eles alegam que não conseguiram alfabetizá-lo por falta de condições financeiras.
Segundo a mãe, Perpétua da Silva Souza, 42, o garoto passa os
dias tristes, ouvindo música sertaneja, já que não consegue fazer
nenhuma atividade devido aos
problemas de locomoção.
"Isso é uma vergonha. Para uma
pessoa desaparecer desse jeito, só
se enterrando em um buraco",
afirma o pai, Leônidas Ribeiro de
Souza, 39.
A família tenta obter, na Justiça,
uma indenização de R$ 2 milhões
da Unitau (Universidade de Taubaté) que há 10 anos paga a eles
dois salários mínimos por mês. O
processo tramita há 11 anos na
Justiça e agora está no STJ (Superior Tribunal de Justiça).
A reportagem não conseguiu
ontem contato com parentes ou
com o advogado de Rossi.
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