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Jovem paulistano troca frutas por chocolate e biscoito
Pesquisa Datafolha mostra que novas gerações comem mal; para professor da Unifesp, propaganda influencia hábito
Consumo de alimentos prontos dificulta controle de sal, açúcar e gordura e pode provocar colesterol alto, obesidade e hipertensão
MARCOS GRINSPUM FERRAZ
SAMIA MAZZUCCO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Pesquisa Datafolha aponta
que jovens entre 16 e 25 anos
têm os piores hábitos alimentares da população paulistana.
Entre os motivos apontados
por estudiosos estão a maior
exposição dessa faixa etária à
publicidade e a valorização de
um estilo de vida que gasta pouco tempo com alimentação.
São os jovens os que mais
consomem enlatados, salgadinhos, chocolates e outros produtos industrializados não recomendados por especialistas
(veja quadro acima). São eles,
também, os que menos comem
alimentos saudáveis.
Segundo o professor de nutrologia da Unifesp José Augusto Taddei, esses alimentos
estão substituindo hábitos
mais saudáveis típicos do brasileiro, como o uso de frutas, verduras, legumes e grãos.
O consumo desses e de outros alimentos recomendados,
como peixe e leite, é mais frequente entre a população com
56 anos ou mais. "Eles formaram seus hábitos lá atrás, com
menos influência da publicidade", diz Taddei.
O nutricionista da USP Daniel Bandoni também vê uma
tendência de supervalorizar
produtos processados e industrializados. Para Bandoni, existe uma migração de jovens e
adultos para um estilo de vida
mais passivo, que valoriza mais
a praticidade do que a saúde.
"Não se perde tempo para cozinhar, mas se perde pra ver TV."
Ele aponta possíveis desvantagens no consumo do alimento comprado pronto: "A pessoa
perde a chance de, por exemplo, fazer uma comida que tenha menos sal e gordura."
Para Bandoni, os novos hábitos aumentam as chances de
desenvolvimento de colesterol
alto e doenças crônicas, como
obesidade e hipertensão.
Arroz, feijão e peixe
Já o consumo diário de arroz
e feijão pela maioria dos paulistanos foi visto como um dos resultados positivos da pesquisa.
"É um consumo democrático",
diz Taddei. Ele ainda ressalta
que a combinação é saudável e
típica da cultura do brasileiro.
O peixe, por outro lado, foi
apontado pela pesquisa como
um dos alimentos menos democráticos. "Quanto menor a
renda, menor o consumo. É um
alimento que discrimina", diz.
A pesquisa mostra que só 3%
da população da cidade come
peixe todos os dias, contrariando recomendações de nutricionistas e médicos.
Segundo Bandoni, o dado é
preocupante se comparado ao
do consumo de linguiça, salsicha e salame. Sete por cento da
população come algum desses
alimentos diariamente, com
número maior entre as classes
baixas. "Deveriam ser para consumo eventual", diz.
As reportagens desta e das duas próximas páginas foram feitas pela 48ª turma do programa de
treinamento em jornalismo diário da Folha, que
é patrocinado por Philip Morris Brasil, Odebrecht, Oi e Syngenta.
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