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Divórcios marcam Semana da Conciliação
Mutirão nacional para desafogar o Judiciário teve audiências de família; na seção paulistana, 95% foram separações
Em todo o país, foram feitos 60.564 acordos em 138.320 audiências; grande parte delas foi cobrança de empresas a seus clientes
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Fernanda Amorim Ferreira
dos Santos, 26, entrou na última sexta-feira em um dos
biombos instalados pela Justiça de São Paulo no Memorial da
América Latina. Vinte minutos
depois, deixou o local como
Fernanda Amorim Ferreira.
Assim como ela, pelo menos
74 homens e mulheres paulistanos aproveitaram a Semana
Nacional de Conciliação para
tratar de um assunto que destoa do nome do evento: separação e divórcio. "Deveria se chamar semana da separação",
brincou Cláudio Roberto da
Silva Santos, 33, que durante
oito anos deu o sobrenome à
ex-mulher Fernanda. Estavam
separados havia cinco anos.
A semana de conciliação é
um mutirão promovido pelo
CNJ (Conselho Nacional de
Justiça) em todo o país e que
tem como principal objetivo
desafogar o Judiciário. A Vara
da Família foi uma das novidades deste ano e, em São Paulo,
em 95% das audiências, tratou
de fim de casamento.
"Um casal se confundiu com
o nome [do mutirão] e disse
que veio para a reconciliação.
Eu disse tudo bem, eu fecho os
olhos e vocês dois podem se
beijar", brincou o conciliador
Paulo Sérgio Penteado Falco,
43, enquanto divorciava Cláudio e Fernanda. "Também recebi um casal que estava separado desde 1987. Disseram que
ficaram sabendo dessa oportunidade e correram para cá."
Os casos tratados no Memorial na América Latina até sexta-feira foram os chamados
pré-processuais. Se não houvesse um acordo amigável, virariam um processo judicial e
passariam a tramitar com os 70
milhões de processos dos fóruns brasileiros, entre Estadual, Trabalhista e Federal.
As exceções de casos discutidos na Vara da Família do Memorial foram dois processos de
guarda de filhos, segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo.
Os números são de até quinta-feira. O total será divulgado
amanhã. O CNJ não informou
quantas separações e divórcios
foram feitos no resto do país.
Segundo o conselho, no Brasil houve 60.564 acordos em
138.320 audiências. Grande
parte foi cobranças de empresas a clientes. Os acordos devem superar R$ 600 milhões.
Em São Paulo, três empresas
que prestam serviços públicos
bancaram a infraestrutura das
tendas montadas no Memorial:
Telefônica, Eletropaulo e Sabesp. A primeira tinha pelo menos 347 casos a serem analisados no Estado, e a Eletropaulo,
cerca de 500. O número da Sabesp não foi informado. Para o
TJ, não há conflito, já que as
três são as únicas fornecedoras
de seus serviço na capital.
Para o advogado Anis Kfouri
Júnior, da comissão de Defesa
do Consumidor da OAB, o pagamento de parte dos custos é
uma forma de as empresas
compensarem os benefícios
que terão com o evento.
A Sabesp diz que participou
da semana buscando "soluções
rápidas". A Telefônica afirma
que apoiou semana indicando
"processos para a realização de
acordos". A AES Eletropaulo
diz ter economizado R$ 6,2 milhões com acordos desde a primeira edição do evento, em
2006. A expectativa deste ano é
negociar cerca de R$ 600 mil.
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