São Paulo, domingo, 13 de dezembro de 2009

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Natal inspira paulistanos para a prática do consumo sustentável

Em meio à correria das compras, da preparação da ceia e da decoração das festas, consumidores resgatam tradições e a preocupação com o meio ambiente

DA REVISTA DA FOLHA

Eurides Paone, 74, e Agta Carissa, 32, olham com estranhamento para a correria das festas de fim de ano, e, cada uma a seu modo, procuram alternativas para não serem engolidas pelos preparativos do Natal e do Ano Novo.
A primeira, dona de casa, mantém as tradições e o estilo das festas dos tempos em que era criança e, até hoje, cultiva o momento com simplicidade.
Já a representante comercial Agta procura alternativas mais econômicas, apesar do inevitável pedido de seu filho de quatro anos, Pedro, por um Playstation. O desejo foi devidamente manifestado ao Papai Noel de um shopping.
O consumismo exacerbado no período natalino leva a vários questionamentos. Do discurso à pratica, no entanto, há um longo caminho. A blogueira Sandra Vasconcellos sabe o quanto é difícil equilibrar essa balança quando se é membro de uma família consumista. Ela conta que, mesmo dispostos a participar de amigo secreto para gastar menos, seus familiares acabam comprando presente para todos.
"Minha família é tão consumista que o verdadeiro significado do Natal simplesmente não é nem mencionado", lamenta. "Para eles esta data é apenas motivo para comer muito, beber muito, comprar muito."
Consciente também dos impactos ambientais que o consumo provoca, o arquiteto Ricardo Caminada, por exemplo, não se incomoda em repetir a decoração de Natal. "Na minha casa, os enfeites são sempre os mesmos, o que faço é realocá-los ou tentar dar um toque", diz.
Ricardo também não vai embrulhar os presentes esse ano. "É um desperdício. Colocar os presentes numa sacola com uma fita gasta muito menos papel", diz.
Guardar e reaproveitar também é a dica da florista Helena Lunardelli. Em seu ateliê, na Vila Madalena, estoca embalagens vazias, latas de ervilha, caixas de leite e garrafas vazias de saquê, que recolhe em alguns restaurantes japoneses. Tudo isso vira inspiração e matéria-prima de seus arranjos.
Para a decoração de Natal, Helena sugere uma guirlanda que tenha como base gravetos de bambu que seriam descartados e que, ano após ano, pode ganhar um novo visual.

À mesa
O espírito sustentável, portanto, vai da decoração aos presentes, passando pela mesa. O quintal da casa da chef Morena Leite, do Campim Santo, quando criança, era o supermercado ideal para o estilo de vida que seus pais cultivavam em Trancoso, na Bahia. "Cresci num ambiente onde a alimentação era essencial", lembra.
Nem mesmo as festas escapavam da preocupação com ingredientes naturais, com a seleção de produtos regionais e orgânicos -quando a expressão nem havia se popularizado.
Os estudos na conceituada Le Cordon Bleu reforçaram as bases de sua cozinha de ingredientes saudáveis, com a valorização das tradições regionais, aliado a um toque provençal de azeites e ervas e, claro, à disciplinada técnica francesa.
"Nas festas, dividimos a mesa com quem amamos e devemos servir uma comida que acarinhe." Essa é uma receita de um Natal mais simples e mais consciente.


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