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Natal inspira paulistanos para a prática do consumo sustentável
Em meio à correria das compras, da preparação da ceia e da decoração das festas, consumidores resgatam tradições e a preocupação com o meio ambiente
DA REVISTA DA FOLHA
Eurides Paone, 74, e Agta Carissa, 32, olham com estranhamento para a correria das festas de fim de ano, e, cada uma a
seu modo, procuram alternativas para não serem engolidas
pelos preparativos do Natal e
do Ano Novo.
A primeira, dona de casa,
mantém as tradições e o estilo
das festas dos tempos em que
era criança e, até hoje, cultiva o
momento com simplicidade.
Já a representante comercial
Agta procura alternativas mais
econômicas, apesar do inevitável pedido de seu filho de quatro anos, Pedro, por um Playstation. O desejo foi devidamente manifestado ao Papai Noel
de um shopping.
O consumismo exacerbado
no período natalino leva a vários questionamentos. Do discurso à pratica, no entanto, há
um longo caminho. A blogueira
Sandra Vasconcellos sabe o
quanto é difícil equilibrar essa
balança quando se é membro
de uma família consumista. Ela
conta que, mesmo dispostos a
participar de amigo secreto para gastar menos, seus familiares acabam comprando presente para todos.
"Minha família é tão consumista que o verdadeiro significado do Natal simplesmente
não é nem mencionado", lamenta. "Para eles esta data é
apenas motivo para comer
muito, beber muito, comprar
muito."
Consciente também dos impactos ambientais que o consumo provoca, o arquiteto Ricardo Caminada, por exemplo, não
se incomoda em repetir a decoração de Natal. "Na minha casa,
os enfeites são sempre os mesmos, o que faço é realocá-los ou
tentar dar um toque", diz.
Ricardo também não vai embrulhar os presentes esse ano.
"É um desperdício. Colocar os
presentes numa sacola com
uma fita gasta muito menos papel", diz.
Guardar e reaproveitar também é a dica da florista Helena
Lunardelli. Em seu ateliê, na
Vila Madalena, estoca embalagens vazias, latas de ervilha,
caixas de leite e garrafas vazias
de saquê, que recolhe em alguns restaurantes japoneses.
Tudo isso vira inspiração e matéria-prima de seus arranjos.
Para a decoração de Natal,
Helena sugere uma guirlanda
que tenha como base gravetos
de bambu que seriam descartados e que, ano após ano, pode
ganhar um novo visual.
À mesa
O espírito sustentável, portanto, vai da decoração aos presentes, passando pela mesa. O
quintal da casa da chef Morena
Leite, do Campim Santo, quando criança, era o supermercado
ideal para o estilo de vida que
seus pais cultivavam em Trancoso, na Bahia. "Cresci num
ambiente onde a alimentação
era essencial", lembra.
Nem mesmo as festas escapavam da preocupação com ingredientes naturais, com a seleção de produtos regionais e orgânicos -quando a expressão
nem havia se popularizado.
Os estudos na conceituada
Le Cordon Bleu reforçaram as
bases de sua cozinha de ingredientes saudáveis, com a valorização das tradições regionais,
aliado a um toque provençal de
azeites e ervas e, claro, à disciplinada técnica francesa.
"Nas festas, dividimos a mesa
com quem amamos e devemos
servir uma comida que acarinhe." Essa é uma receita de um
Natal mais simples e mais
consciente.
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