DA REPORTAGEM LOCAL

O pintor Emerson Gomes Elias, 26, foi preso e autuado pela Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes (Dise) de Diadema, na Grande São Paulo, por grafitar uma série de painéis enaltecendo a bandidagem da favela do morro do Samba.
Elias disse ter recebido R$ 800, em duas prestações, para pintar o muro da rua Botucudos, em dezembro passado. Um dos painéis apresenta um veículo da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) capotado e um grupo de PMs, cobertos de sangue, sendo baleados por bandidos, um deles com um boné com as iniciais MDS (morro do Samba).
Nos outros dois, bandidos fortemente armados e um grupo de pessoas aparentemente comercializando drogas. Um quarto painel não chegou a ser concluído. Elias disse que ficou com medo da repercussão da obra e parou o serviço. Os grafites só agora chamaram a atenção da polícia em razão dos ataques a bases da PM.
O pintor disse que, mesmo não tendo concluído o serviço, voltou a ser procurado pela mulher, que se identificou como Cleusa e havia contratado a pintura. Ele disse que não queria receber, mas a mulher fez questão de lhe pagar a segunda e última prestação. A polícia procura por ela. O trabalho teria sido encomendado pelo traficante José Dilson, o Birosca, ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
Segundo o delegado Mitiaki Yamamoto, Birosca continua a comandar o tráfico na região, mesmo preso há sete anos no presídio de Mirandópolis (607 km de São Paulo).
Elias foi autuado por "contribuir, incentivar ou difundir o uso indevido de drogas".
A apologia ao crime pode render ao pintor de três a seis meses de prisão. Ele responderá ao processo em liberdade.
No entanto, os policiais temem pela vida do pintor, já que ele colaborou com as investigações. Ontem, o muro apareceu totalmente caiado de branco, encobrindo os desenhos.


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