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opinião
A pressa é inimicíssima da perfeição
PASQUALE CIPRO NETO
COLUNISTA DA FOLHA
Acabo de ver e manusear a
segunda edição do "Dicionário
Escolar da Língua Portuguesa",
da Academia Brasileira de Letras ("Com a nova ortografia da
língua portuguesa"). Agora vai!
Se você é um dos que compraram um exemplar da primeira edição, pode começar a
pensar no que fará para se livrar dele. Com o devido respeito, o lugar dele é a reciclagem.
Então vale a pena dar a compra da primeira edição como
um dos azares da vida e sair
correndo para comprar já um
exemplar da segunda edição, finalmente acertada, corrigida e,
principalmente, fiel ao texto
oficial do "Acordo"?
Vejamos. Como informei na
coluna de 1º de janeiro, nas páginas introdutórias da primeira
edição há a seguinte informação sobre o emprego do hífen
com os prefixos "co-", "pro-",
"pre-" e "re-": "Estes se aglutinam, em geral, com o segundo
elemento, mesmo quando iniciado por o ou e". Em seguida,
vêm estes exemplos: "coautor",
"coedição", "procônsul", "preeleito", "reeleição", "coabitar",
"coerdeiro". Quando se procuram esses vocábulos no próprio
"Dicionário Escolar", vê-se
que...
Bem, vê-se que o "Dicionário" não seguia integralmente o
que preconizava em suas páginas introdutórias ("re-eleição"
e "co-herdeiro" apareciam com
hífen -e com "h", no caso da
última; também havia hífen em
"reeducar", "reeditar" e em casos símiles).
Na segunda edição, foram
"corrigidas" as discrepâncias,
ou seja, sumiu o "h" de "co-herdeiro" (que passou a "coerdeiro") e sumiu o hífen de "reeleição". Mas uma olhadinha no
texto oficial do "Acordo" basta
para que a confusão continue.
Está na "Base XVI" ("Do hífen
nas formações por prefixação,
recomposição e sufixação"):
"Nas formações com prefixos
(como, por exemplo: ante- , anti-, circum-, co- [...]) e em formações (...), só se emprega o hífen nos seguintes casos: a) Nas
formações em que o segundo
elemento começa por h...". Para encurtar a conversa, um dos
exemplos do texto oficial do
"Acordo" é "co-herdeiro" (com
hífen e com "h").
Convém lembrar que o
"Acordo" teve por princípio a
unificação da grafia do português nos sete (depois oito) países que o têm como língua oficial. Lembro isso porque, embora em Portugal o "Acordo"
ainda não vigore, já há por lá dicionários com a tarja "Conforme o Acordo Ortográfico". Um
deles é o "Universal" (lançado
também aqui), em que se vê...
Em que se vê que o "Acordo"
ainda é um "Desacordo". Quer
um conselho: espere mais um
pouco para abrir a carteira. É
isso.
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