São Paulo, quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

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SP se prepara para evacuar áreas de represas

Sabesp admite que é real o risco de transbordamento de reservatórios, que operam no limite por causa das chuvas

Mapas encaminhados à Defesa Civil mostram que cidades do interior e também da região metropolitana poderão ser afetadas

EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo paulista disse ontem que preparou um plano de emergência para evacuar áreas que serão atingidas caso as represas do sistema Cantareira, que operam no limite da sua capacidade, transbordem.
O risco é real e pode ocorrer nos próximos dias, afirma a Sabesp, órgão que controla os reservatórios usados para o abastecimento público.
Mapas obtidos pela Folha feitos pela Sabesp e que estão em poder da Defesa Civil mostram que cidades do interior e também da zona metropolitana poderão ser afetadas.
No município de Bom Jesus dos Perdões, um condomínio praticamente inteiro, chamado Nova Veneza, nas margens da rodovia D. Pedro I, poderá ser inundado se o volume de chuvas sobre as represas continuar grande até o fim do mês.
Mais perto da capital, Franco da Rocha também pode ser atingida. Inclusive, estradas que passam pela região tendem a ficar intransitáveis se o transbordamento for grande.
Hoje, o volume de água armazenado no sistema é de 97,5% da capacidade total.
"Não é possível saber quanto de chuva ainda falta para a água começar a verter pela barragem", disse Hélio Luiz Castro, superintendente da Sabesp. "Estamos em alerta 24 horas. Apesar de ser possível avisar as cidades antes, o risco material [das casas] será inevitável". Não há estimativa de quantas pessoas estão sob ameaça.
Ontem, o governador José Serra (PSDB) disse que deu ordem para que as pessoas em áreas de alto risco sejam retiradas. O processo de evacuação deve ser feito pela Defesa Civil.
Cabe ao órgão, e também às prefeituras locais, organizar os planos de emergência. "Temos todas as áreas mapeadas", disse o governador Serra.
As áreas identificadas como alagáveis pela Sabesp são apenas aquelas que ficam até 20 quilômetros das barragens.
A Sabesp está monitorando o nível das seis represas do sistema Cantareira todos os dias. Elas são interligadas por meio de túneis, o que possibilita o remanejamento da água.
O risco só existe nas áreas que estão depois das barragens, rio abaixo. A Sabesp afirma que não existe possibilidade da represa em si transbordar ou de romper. "Para isso ocorrer é preciso uma chuva que só ocorre a cada 10 mil anos ou mais", afirma Castro.
Desde 1973, quando o sistema de abastecimento de água ficou pronto, duas vezes a água passou por cima da barragem. Uma em 1985 e outra em 1999. A recorrência desse fenômeno tem sido de 12 anos.
Para chegar às áreas que poderão ser inundadas, a Sabesp fez trabalhos de campo e imageamentos aéreos. Existem quatro cenários mapeados para vazões diferentes do rio.
A situação é monitorada desde setembro. "Todos os órgãos, como a Defesa Civil e as prefeituras, foram informados."


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