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SP se prepara para evacuar áreas de represas
Sabesp admite que é real o risco de transbordamento de reservatórios, que operam no limite por causa das chuvas
Mapas encaminhados à Defesa Civil mostram que cidades do interior e também da região metropolitana poderão ser afetadas
EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo paulista disse ontem que preparou um plano de
emergência para evacuar áreas
que serão atingidas caso as represas do sistema Cantareira,
que operam no limite da sua capacidade, transbordem.
O risco é real e pode ocorrer
nos próximos dias, afirma a Sabesp, órgão que controla os reservatórios usados para o abastecimento público.
Mapas obtidos pela Folha
feitos pela Sabesp e que estão
em poder da Defesa Civil mostram que cidades do interior e
também da zona metropolitana poderão ser afetadas.
No município de Bom Jesus
dos Perdões, um condomínio
praticamente inteiro, chamado
Nova Veneza, nas margens da
rodovia D. Pedro I, poderá ser
inundado se o volume de chuvas sobre as represas continuar
grande até o fim do mês.
Mais perto da capital, Franco
da Rocha também pode ser
atingida. Inclusive, estradas
que passam pela região tendem
a ficar intransitáveis se o transbordamento for grande.
Hoje, o volume de água armazenado no sistema é de
97,5% da capacidade total.
"Não é possível saber quanto
de chuva ainda falta para a água
começar a verter pela barragem", disse Hélio Luiz Castro,
superintendente da Sabesp.
"Estamos em alerta 24 horas.
Apesar de ser possível avisar as
cidades antes, o risco material
[das casas] será inevitável".
Não há estimativa de quantas
pessoas estão sob ameaça.
Ontem, o governador José
Serra (PSDB) disse que deu ordem para que as pessoas em
áreas de alto risco sejam retiradas. O processo de evacuação
deve ser feito pela Defesa Civil.
Cabe ao órgão, e também às
prefeituras locais, organizar os
planos de emergência. "Temos
todas as áreas mapeadas", disse
o governador Serra.
As áreas identificadas como
alagáveis pela Sabesp são apenas aquelas que ficam até 20
quilômetros das barragens.
A Sabesp está monitorando o
nível das seis represas do sistema Cantareira todos os dias.
Elas são interligadas por meio
de túneis, o que possibilita o remanejamento da água.
O risco só existe nas áreas
que estão depois das barragens,
rio abaixo. A Sabesp afirma que
não existe possibilidade da represa em si transbordar ou de
romper. "Para isso ocorrer é
preciso uma chuva que só ocorre a cada 10 mil anos ou mais",
afirma Castro.
Desde 1973, quando o sistema de abastecimento de água
ficou pronto, duas vezes a água
passou por cima da barragem.
Uma em 1985 e outra em 1999.
A recorrência desse fenômeno
tem sido de 12 anos.
Para chegar às áreas que poderão ser inundadas, a Sabesp
fez trabalhos de campo e imageamentos aéreos. Existem
quatro cenários mapeados para
vazões diferentes do rio.
A situação é monitorada desde setembro. "Todos os órgãos,
como a Defesa Civil e as prefeituras, foram informados."
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