São Paulo, sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

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Em região quase inacessível, faltam sacos para corpos

HUDSON CORRÊA
ENVIADO ESPECIAL A TERESÓPOLIS

Uma das regiões de Teresópolis mais atingidas, o bairro de Campo Grande, acumulava ontem corpos em sacos plásticos à espera de helicópteros de regaste.
Campo Grande ficou isolada por barro, pedras e troncos de árvore. O bairro fica a cerca de sete quilômetros do centro e a estrada de acesso foi tomada pelo que o rio carregou e há árvores caídas.
A Folha chegou de helicóptero ao local para onde eram levados os corpos.
"Podem faltar sacos, só ficamos com 50", disse um guarda. Oito corpos eram acomodados em sacos pretos. Moradores conferiam se havia algum parente. Três estavam sem identificação. Cães cheiravam os corpos.
Um quilômetro acima, havia uma vila onde cerca de 200 casas foram esmagadas por rochas.
No local, a lama que sufocou moradores é capaz ainda de atolar meio corpo de uma pessoa desavisada.
Em meio à lama, Josiel Ribeiro, 62, tentava chegar à sua casa e dar ração aos cachorros. Um coelho branco encontrado vivo nos escombros animou Josiel.
Também foram para um saco preto documentos das vítimas, reunidos pelo construtor Geazir Serafim, 52, e demais voluntários.
Dois dias após a tragédia, só é possível sair da parte alta a pé. É uma caminhada de quase uma hora até onde carros podem chegar.
Há um fluxo de pessoas subindo e descendo. Os que vão para cima levam água mineral e biscoito, distribuídos no local onde ficam os carros. Quem desce, leva, em sua maioria, sacolas.
No caminho, um rapaz anuncia: "encontraram uma mulher grávida morta agora. Quem quiser pode ver se é parente".


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