São Paulo, sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

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ANÁLISE

Um respiro na janela ou um futuro melhor?

FERNANDO SERAPIÃO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Há meio século, o governo criou equipamentos públicos para atender a classe média baixa do Itaim Bibi, na época, um bairro periférico.
A região foi verticalizada, surgiram moradores endinheirados e a demanda diminuiu. A urgência pelo atendimento público migrou para a nova periferia. Mas o governo continua olhando para o bairro. Seria justo vender o valorizado patrimônio público e investir na periferia?
Apesar da mudança de uso aumentar o trânsito local, a ideia é sedutora e corrobora com a dinâmica da cidade. Se equipamentos públicos semelhantes serão construídos no mesmo local, a vizinhança só pode levantar cartazes pelo fim da calma: muitos devem ter comprado os imóveis como se houvesse garantia de vista eterna.
A troca também se mostra perspicaz pela agilidade com que o mercado construiria as creches, passando ao largo da burocracia pública. Assim, o desejo de poucos por um respiro na janela não tem peso para rivalizar na balança pelo interesse maior que é o futuro de muitos.
Para que não reste dúvidas da atuação ética do governo e a proposta torne-se modelo para outra operações, seria importante que um instrumento garantisse que as creches e o empreendimento fossem exemplares do ponto de vista urbanístico (misturando usos), ambiental (com preocupações sustentáveis e com a manutenção de parte da área verde) e até cultural.
Desta forma, não só a periferia seria beneficiada mas também a vizinhança.

FERNANDO SERAPIÃO é arquiteto e editor da revista "Projeto Design"


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