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Fumantes admitem incomodar, mas criticam isolamento
DA REPORTAGEM LOCAL
A analista de contas Jaqueline Lisboa começava a aproveitar o happy hour no início da
noite de ontem no bar e restaurante Geribá, na avenida Sumaré (zona oeste de SP), quando
sentiu um incômodo: o cheiro
forte de um charuto aceso na
mesa ao lado.
Para não estragar sua noite,
resolveu mudar de lugar. "Vim
para o lado oposto. O cheiro do
charuto é muito enjoativo. Incomoda muito mais do que cigarro", afirma. Em sua opinião,
a lei veio em boa hora. "Acho
que não deveriam deixar fumar
charuto nem dentro nem fora
dos estabelecimentos."
O responsável pela mudança
de mesa de Jaqueline, o
headhunter Luiz Thomaz, 25,
continuou fumando depois que
ela saiu do local. Apesar disso,
afirma concordar com a lei.
"Eu não fumo cigarro e fico
incomodado se alguém fuma ao
meu lado. Por isso, escolhi a
mesa do canto, achei que atrapalharia menos", afirma ele,
um tanto jovem para a média
dos fumadores de charuto observada nos estabelecimentos
visitados pela reportagem.
Thomaz ressalta que é importante que os restaurantes e
bares tenham espaço adequado
para quem fuma charuto.
Os dois sócios-proprietários
do Geribá não gostaram da lei.
Afirmam que podem perder
clientes -estimam que 30% do
público fuma charuto- ou que
terão de gastar para fazer uma
área isolada com exaustão.
"Embora eu não goste [de
charuto], não acho que deva ser
proibido", diz Ubiraíba Andrade. "Começam com cigarro, depois charuto, logo vão proibir o
chope. Vai ficar uma chatice",
complementa o outro sócio,
Gilson Andrade.
A choperia Barthô, em Perdizes, já se adequou à lei: possui
um espaço isolado por vidro,
com três mesas, especialmente
destinado a esses fumantes. "É
uma deficiência no ramo, faltam locais próprios para os
apreciadores de charutos", diz
o gerente Renato Nobre Costa.
Apesar de haver a opção de
fumar sem incomodar os demais clientes, um grupo de
amigo fumava ontem nas mesas na calçada. "Eu me sinto
num aquário ou num chiqueirinho ali dentro. Acho que fumar
do lado de fora não tem problema", disse o gerente de operações Roger Blumenthal.
Já o diretor comercial Fabio
Barroso, que fumava charuto
com o colega, admite que a fumaça atrapalha os outros. "A
fumaça incomoda quem não
fuma. Especialmente quando
se está comendo."
Segundo Costa, antes de
abrir o estabelecimento, há cerca de um ano, decidiu-se separar o espaço dos fumantes de
charuto. "É um produto delicado, há os que adoram e os que
detestam", diz. O espaço é climatizado (tem ar-condicionado) e possui exaustor.
Ele diz que os apreciadores
de charuto são ótimos clientes.
"Consomem bastante. Bebem
muito whisky, conhaque."
(AB e AI)
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